quinta-feira, 29 de abril de 2010

Tiroteio verbal, tiroteio real


Nesta semana, a Câmara de Vereadores de Itabuna produziu um desses episódios que revelam a diferença entra a boa intenção e a ação. É inegável que o vereador Sólon Pinheiro teve uma boa intenção ao realizar uma sessão especial com o objetivo de debater a violência em Itabuna e buscar soluções para reduzi-la.

O encontro, que poderia ser produtivo, já que contava com a participação de diversos segmentos da sociedade organizada, descambou para um tiroteio verbal entre o vereador e o comandante do 15º. Batalhão da PM em Itabuna, tenente-coronel Jorge Ubirajara Pedreira, que está deixando o cargo.

Um diálogo ríspido, que provocou tamanho mal estar entre os presentes que a sessão teve que ser suspensa. As discussões e as eventuais soluções para conter a violência ficaram para depois.

O imbróglio na Câmara de Vereadores é exemplar, na medida em que não é o caso de se buscar culpados pela violência e sim promover uma ampla mobilização para que o cidadão possa ter um mínimo de tranqüilidade.

Não se trata de um problema exclusivo de Itabuna ou mesmo da Bahia.

A violência é uma praga nacional, que atinge desde as mega-metrópoles até as pequenas cidades do interior.

Em Itabuna, é bom que se frise, essa violência tem atingido níveis alarmantes, com assassinatos em série e roubos/assaltos que muitas vezes as vítimas nem se dão ao trabalho de registrar queixa na polícia, de tão inútil que é.

O tráfico de drogas, responsável pela esmagadora maioria dos casos de violência, é uma instituição onipresente na cidade, que não raro conta com uma proverbial cegueira da polícia para atuar as claras.

A violência não é apenas um problema policial.

É, também, o principal subproduto de um sistema em que a exclusão social e a ausência dos serviços públicos básicos (como saúde, educação, lazer e acesso ao mercado de trabalho) acaba levando à criminalidade, embora não seja correto dizer que pobreza é pré-requisito para a criminalidade.

Para evitar que se chegasse ao clímax de violência, seriam necessárias políticas que ofereçam oportunidades às crianças, adolescentes e minorem as carências das pessoas adultas.

É algo tão óbvio, que se torna redundante ficar repetindo isso à exaustão.
Mas, se é tão óbvio assim, porque nossos governantes -e a sociedade organizada como um todo- não tomam as medidas necessárias para coíbir a violência no nascedouro, antes que ela estoure tingindo a todos, sem exceção?
Antes que todos nos transformemos não apenas em vítimas potenciais, mais em vítimas reais?
É o caso, definitivamente, de menos discussão e mais ação.

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