quarta-feira, 10 de março de 2010
A Bahia não precisa de mártires
O assassinato do secretario de Economia Solidária de Camamu, Fabrício Matogrosso, exige uma posição rigorosa do governador Jaques Wagner no sentido de se promover uma apuração rápida e eficiente, que leve aos que atiraram e eventualmente aos que mandaram atirar.
Os cinco tiros que mataram Fabrício tem todas as características de um crime de mando, hipótese reforçada pela conhecida atuação dele em favor de assentados e agricultores familiares na região do Baixo Sul da Bahia; embora também se trabalhe com a possibilidade de uma reles briga de trânsito, o que torna o crime ainda mais tolo.
Uma atuação que certamente gerou descontentamento a muita gente, que ainda se julga nos tempos do coronelismo, da truculência e impunidade.
Um tipo de gente que acredita na violência como única alternativa para rebater eventuais interesses contrariados.
O dado preocupante é que Fabrício é a terceira liderança popular assassinada na Bahia nos últimos seis meses.
Em setembro de 2009, o presidente e o diretor do sindicato dos professores de Porto Seguro, Álvaro Henrique Santos e Elisney Pereira, foram mortos numa emboscada, em plena campanha salarial da categoria
Neste caso, a polícia e o Ministério Público agiram com eficiência e apontaram o envolvimento de policiais militares nos assassinatos e o secretario de governo de Porto Seguro como mandante. Todos tiveram as prisões preventivas decretadas pela Justiça.
Não pode ser diferente em relação a Fabrício Montenegro.
O Governo da Bahia precisa deixar claro que os tempos são outros e que não há crime sem punição.
É o único caminho para se evitar uma nova onda de sangue, a exemplo do que ocorreu nos anos 1990, em que 10 profissionais de imprensa foram assassinados, metade deles comprovadamente no exercício da profissão, sem que um único mandante fosse importunado.
No mais, além de apurar com rigor e punir assassinos e mandantes, é garantir a segurança do cidadão, incluindo aqueles que, por idealismo e convicção, arriscam suas vidas para melhorar a vida de pessoas mais humildes.
E que, se pudessem escolher antes que os tiros lhes tirassem a vida, certamente dispensariam a condição de mártires.
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