quinta-feira, 21 de maio de 2009

TAPE OS OUVIDOS E FECHE OS OLHOS



De acordo com notícia publicada no jornal Folha de São Paulo, o Ibope realizará no final do mês uma pesquisa para testar pelo menos cinco candidatos do PT à sucessão de Lula. O objetivo é indicar qual deles, numa eventual impossibilidade da candidatura de Dilma Roussef por conta de sua doença, reúne maiores condições de enfrentar o favorito José Serra, do PSDB.

Entre os nomes que serão colocados para avaliação está o do governador da Bahia, Jaques Wagner.

Não é a primeira vez que o nome de Wagner aparece como provável candidato a suceder Lula. Sua atuação serena e segura no auge da crise do mensalão, que quase afunda Lula e produziu estragos no PT, lhe deu dimensão nacional, a ponto do próprio presidente ter tentado demovê-lo da disputa pelo governo baiano, que se apresentava como uma espécie de missão impossível, para ajudá-lo na reeleição.

Wagner decidiu mostrar que a missão era possível, impôs uma derrota histórica ao carlismo e catapultou seu nome como liderança nacional, candidato de primeira linha à sucessão de Lula. A opção petista por Dilma Roussef, a candidata de maior visibilidade, tirou Wagne dos holofotes nacionais, pelo menos em nível de eleição presidencial, para onde ele retorna agora por conta a enfermidade da ministra chave da Casa Civil e “mãe” do PAC.

Péssima hora!

A reinserção de Jaques Wagner na disputa presidencial, ainda que seja uma hipótese remota, visto que Lula tem repetido que a candidata do PT é Dilma e ponto final, se dá num momento em que o governador convive com uma das crises políticas cíclicas, provocadas pelo PMDB, que pela enésima vez ameaça lançar candidatura própria ao governo baiano.

No caso, a candidatura do ministro da Integração Nacional. Geddel Vieira Lima. Bem ao seu estilo, Geddel não diz que é candidato; Nem que não é. Mas seu partido diz que quer lançar um candidato. E Geddel diz que é homem de partido e vai seguir o que o partido determinar. Um craque no jogo de palavras e na dissimulação.
Colocar Wagner na sucessão presidencial, mesmo que seja apenas em hipótese, é embolar a sucessão baiana, alimentar a gula do PMDB pelo Palácio de Ondina e instalar a insegurança entre os aliados (notadamente os que não estavam juntos na histórica eleição de 2006).

Não acrescenta nada no plano nacional, porque tudo indica que a candidata do PT será mesmo Dilma (ou o próprio Lula, não se descarte essa possibilidade) e ainda embaralha o jogo no plano estadual, justamente no momento em que Wagner, favorito em todas as pesquisas de intenção de voto, precisa focar os rumos de seu governo, que tem inúmeros acertos e avanços que devem ser realçados e mostrados à população; reafirmar sua candidatura e cobrar uma definição do que os peemedebistas querem da vida.

De mais a mais, pode fazer muito bem para o ego ser lembrado como um potencial candidato à sucessão de Lula.

Mas, foi justamente o ego e uma avaliação completamente equivocada que levaram Waldir Pires a cometer aquele que foi seguramente o seu pior erro político.
Waldir entregou o governo da Bahia, conquistado igualmente após uma vitória histórica sobre o carlismo, nas mãos do PMDB e foi se aventurar (ou melhor, desventurar) na barca furada como vice de Ulisses Guimarães.

Com a saída de Waldir, ACM voltou ainda mais forte, dominou a Bahia por mais duas décadas até ser derrotado por Jaques Wagner.

ACM morreu, mas o carlismo e suas adaptações mal disfarçadas não.

A sereia canta. É de bom alvitre tapar os ouvidos.

E abrir os olhos...

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