quinta-feira, 10 de julho de 2008

Daniel, que Daniel?


Do site de humor KibeLoco ao respeitado jornal Folha de São Paulo, passando por sites e blogs de todo o Brasil, o Diário do Sul foi destaque ontem.
Os 15 minutos de fama não foram fruto de um furo jornalístico, daqueles com que toda a imprensa nanica sonha para, ainda que momentaneamente, romper a intransponível barreira que a separa da grande mídia.
Por um desses descuidos inacreditáveis em sua edição de quarta-feira, ao noticiar a prisão do banqueiro Daniel Dantas, o jornal tascou a foto do ator Daniel Dantas.
A explicação para a trombada é simples: o diagramador do jornal, ao capturar na internet uma foto do Daniel Dantas banqueiro nem se deu conta de que existe o ator homônimo, certamente por não ser dado a preocupações com economia e com o mundo das novelas.
O editor do jornal, na clássica pressa de mandar as páginas para impressão, e muito provavelmente enfastiado de ter que agüentar um outro Daniel cometendo suas aleivosias diariamente neste espaço, deixou passar batido.
O que é um Daniel, outro Daniel e mais outro Daniel quando se tem que colocar o jornal nas bancas no dia seguinte e a edição não se resume ao banqueiro, ao ator e muito menos ao jornalista, que agora quer por que quer entrar nessa história, em busca de, ao menos, alguns milésimos de segundo de fama.
A explicação pode ser simples, mas a repercussão daquilo que nos tempos de antanho a gente chamava de barrigada, foi monumental.
Com Daniel Dantas, o banqueiro, pipocando nas manchetes do mundo todo e Daniel Dantas, o ator, fazendo um papel que não era dele nas páginas do Diário do Sul, a reprodução da página do jornal foi parar nos sites baianos, dali para os sites nacionais, incluindo os de humor, até pousar na Folha de São Paulo, na companhia de publicações do calibre do New York Times, The Washington Post, Financial Times, The Wall Street Jornal, China Daily, O Globo, O Estado de São Paulo e outros menos votados. Ou menos lidos.
Ô glória inglória!
De mais a mais, o pecadilho tem lá sua justificativa, meia chocha, mas tem.
Daniel Dantas, como todos sabem (menos o nosso diagramador) é um banqueiro inescrupuloso, daqueles que se não vendem mãe, botam até a irmã como `laranja`.
E Daniel Dantas, o ator, na novela Ciranda de Pedra, da Rede Globo, interpreta um empresário inescrupuloso, que corrompe políticos e prende a mulher com corrente e cadeado.
Com um pouco de boa vontade (pensando bem, com uma dose cavalar da boa vontade!) faz até sentido.
Quando essa barafunda toda passar, terá ficado apenas uma situação prosaica, engraçada, daquelas que estarão em qualquer compêndio que se faça sobre a imprensa grapiuna.
Nada que afete o aquecimento global, segure a inflação ou que faça alguns de nossos políticos e empresários se tornarem sujeitos honestos, porque este jornal pode até, involuntariamente, fazer graça.
Mas não faz milagres.

Daniel Dantas,
ops, Thame

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