quarta-feira, 20 de abril de 2011

Quando água e óleo se misturam



É alarmente o número de acidentes que ocorrem em alguns trechos da rodovia BR 101 no Sul da Bahia.

Entre as áreas críticas podemos citar os trechos Arataca-Camacan e Eunápolis-Itabela, onde não passa um dia sem que seja registrada uma ocorrência, não raro com vítimas fatais.

Os acidentes poderiam ser atribuídos às curvas perigosas existentes nesses trechos, ao excesso de velocidade e à imperícia dos motoristas.

Essas são, sim, as causas da maior parte dos acidentes.

Mas, pelo que se depreende de uma apuração feita pela Polícia Federal, não são as únicas causas.

Existe um componente perverso, quase inacreditável, que dá a exata noção de como as pessoas perderam qualquer tipo de escrúpulo quando decidem se bandear para o mundo do crime.

Apurações da Polícia Federal revelaram a existência de pelo menos duas quadrilhas atuando nesses trechos, uma delas envolvendo um policial militar, melhor dizendo, um policial bandido.

O modus operandi é um primor de criatividade usada para o mal.

Ao invés do clássico assalto a mão armada ou da colocação de obstáculos na pista, como troncos de árvores ou pedras, que forçam o motorista a parar seus veículos, os marginais estão adotando uma tática que não deixa, digamos, impressões digitais.

Eles simplesmente espalham óleo pela pista e ficam a espreita de que aconteçam os acidentes. Com as chuvas que tem caído na região, a combinação óleo em pista molhada é explosiva.

Daí, feito abutres, avançam sobre os veículos e saqueiam a carga, numa operação rápida e executada de maneira profissional.

O principal alvo são as carretas, que por conta dos pedágios cobrados na BR 116 (a Rio Bahia) passaram a circular em maior número pela BR 101.

Mas pode acontecer também com ônibus ou automóveis, onde sempre há o que saquear, como bagagens, computadores ou telefones celulares.

Para esses marginais, pouco importa que, ao provocar intencionalmente os acidentes, pessoas morram ou sofram ferimentos graves.

A vida para eles (a vida dos outros, bem entendido!) não tem valor algum.

Cabe à polícia (a parte séria da polícia, bem entendido, de novo!) coibir a ação desses marginais, desbaratando as quadrilhas e colocando os responsáveis na cadeia.

Porque a vida ainda é o mais precioso dos bens.

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