sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Saúde é o que interessa


A mudança no comando da Secretaria Municipal de Saúde de Itabuna, ressalvada a boa intenção do prefeito Nilton Azevedo em buscar dar um novo dinamismo a um setor caótico, é mais ou menos a historinha do sujeito que pega a mulher com o amante no sofá e, para acabar com aquela situação, digamos, incômoda, atira o sofá pela janela.

O fato é que o problema da saúde pública em Itabuna não está necessariamente no secretário que saiu, com a dignidade e altivez que lhes são características, nem haverá varinha de condão que faça com que o secretário que entra, cuja competência ou não só poderá ser avaliada com o tempo, reverta essa questão do dia para a noite.

A saúde é uma das áreas mais complexas de qualquer administração, seja ela municipal, estadual ou federal. Quando a essa complexidade somam-se uma pitada de gestão ineficiente, aplicação incorreta dos recursos a apadrinhamento político no preenchimento de cargos que deveriam ser ocupados por técnicos, a situação degringola de vez.

O problema da saúde pública em Itabuna é estrutural, começa pela base, nas unidades de saúde, onde faltam de médicos e medicamentos, passa pelas clínicas onde a espera por uma consulta pode levar semanas (quando não meses) e termina no Hospital de Base, em que falta tudo e o número de mortes de pacientes está muito acima do tolerável.

O Hospital de Base, caótico sob todos os aspectos, é um exemplo desse modelo equivocado de gerir a saúde pública. Embora municipal, atende (ou deveria atender) pacientes de mais de 100 cidades do Sul e Sudoeste do Estado.

A Prefeitura de Itabuna já deu inequívocas demonstrações de que não tem condições de gerir o hospital, mas apesar das repetidas manifestações de compromisso do Governo da Bahia em assumir a gestão, o que garantiria uma injeção substancial de recursos e a adoção de um modelo que vem dando certo em Ilhéus, Santo Antonio de Jesus, Juazeiro e outras cidades, o chefe do executivo faz ouvidos moucos à proposta.

Houvesse um mínimo de racionalidade, não seria o caso do município passar a gestão do Hospital de Base para o Estado, focando os recursos que já são escassos nas unidades de saúde, nas clínicas especializadas e em programas de prevenção da dengue e outras doenças?

É importante ressaltar aqui que quando se fala de saúde pública, está se abordando uma questão que envolve vidas, muitas vidas, e não de política, no sentido mesquinho da palavra.

E, muito menos, ainda que metaforicamente, de sofás...

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