segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Os verdadeiros frutos de ouro


Durante o século XX, o Sul da Bahia conviveu, numa espécie de montanha-russa, com as delícias e as agruras da monocultura.

Como em nenhuma outra parte do planeta, o cacau encontrou aqui o solo fértil para brotar com uma qualidade inigualável, gerando muita riqueza e relativo desenvolvimento.

Apesar das crises cíclicas, duas delas terríveis, que originaram a criação do Instituto de Cacau da Bahia e depois da Ceplac, ambos destinadas a promover a recuperação de uma lavoura momentaneamente em frangalhos, o cacau foi suficiente não apenas para manter o Sul da Bahia com a mais próspera região do estado como, com o ICMS, alavancar o desenvolvimento da região metropolitana de Salvador.

Parecia que, superados os momentos de crise, o cacau seria uma cultura eternamente generosa, que de tão lucrativa, dispensava projetos de diversificação. Afinal, para que investir em outros cultivos quando se tinha às mãos um produto de elevado valor de mercado, que dava duas safras por ano?

O que parecia eterno e infinito trombou com a realidade no final da década de 80 e no início da década de 90 do século passado, quando a vassoura de bruxa tornou sem sentido a expressão ´eterno e infinito´.

Porque se a lavoura do cacau não chegou ao seu final, ela atingiu um estágio em que, mesmo recuperada, sozinha não terá condições de manter a economia regional.

O impacto da crise gerada pela vassoura-de-bruxa só não foi mais devastador porque surgiram alternativas como o turismo e o pólo de informática em Ilhéus e o comércio, prestação de serviços e os pólos de saúde e de ensino superior em Itabuna.

Esses empreendimentos são importantes, mas insuficientes para proporcionar ao Sul da Bahia a sonhada retomada do desenvolvimento, oferecendo oportunidades para toda a população.

É nesse contexto, que na virada da primeira década deste século XXI, nos deparamos com uma possibilidade concreta de avançar, agora através de um processo de desenvolvimento menos sujeito a crises devastadoras.

Trata-se da implantação do Complexo Intermodal, uma das maiores obras de infra-estrutura do país, que compreende a construção da Ferrovia de Integração Oeste-Leste, o Porto Sul e o novo aeroporto de Ilhéus. Somam-se ao Intermodal a implantação de uma Zona de Processamento de Exportações e da ampliação da distribuição de gás natural no Sul da Bahia, a partir da já instalada base de distribuição do Gasoduto da Petrobrás em Itabuna.

São empreendimentos capazes de atrair indústrias, que geram empregos e impulsionam ainda mais o comércio, o lazer e a prestação de serviços, além da educação superior para formação de mão de obra qualificada.

Longe de ser uma promessa, o Complexo Intermodal está se tornando realidade, com o início das obras da Ferrovia Oeste Leste e a expectativa de que o Porto Sul siga o mesmo caminho ainda neste primeiro semestre.

Estamos, portanto, diante um daqueles momentos que significam a virada de uma página da história.

O que será escrito nos próximos anos, e que vai definir o futuro da região, depende de capacidade de articulação, espírito empreendedor e trabalho.

As bases estão definitivamente lançadas.

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