quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Nem Robin Hood agüenta mais


Durante muito tempo, os campeonatos regionais alimentaram rivalidades históricas entre os grandes times, além de possibilitar a revelação de talentos surgidos nas pequenas equipes do interior.

No quesito rivalidade, podemos citar o BA-VI na Bahia, o Gre-Nal no Rio Grande do Sul, o Atle-tiba no Paraná, Remo x Paissandu no Pará, Atlético x Cruzeiro em MG, além da profusão de clássicos no Rio e em São Paulo, do tipo Fla-Flu, Vasco x Flamengo, Botafogo x Vasco, Santos x São Paulo, Corinthians x Palmeiras, etc.

Os pequenos times revelavam craques aos borbotões, que ao final dos estaduais eram contratados pelos chamados grandes. Os campeonatos estaduais, então, encantavam torcedores Brasil afora.

Nas últimas duas décadas, as rivalidades regionais foram transferidas para o Campeonato Brasileiro, onde os grandes times se encontram com freqüência. No mesmo período, os pequenos times do interior se apequenaram ainda mais. Os estaduais foram perdendo a graça.

No Rio de Janeiro, salvo uma ou outra surpresa, Flamengo, Vasco, Fluminense e Botafogo batem sem dó nem piedade em times marca bufa. Em São Paulo, onde os pequenos vez por outra surpreendem, os quatro grandes disputam o campeonato sem nenhum tipo de motivação. Nos demais estados, a disputa do titulo se limita aos dois ou três times de sempre.

Para justificar campeonatos estaduais meia-boca, optou-se por uma espécie de Robin Hood da bola, com a alegação de que esses torneios são a única chance para que cidades do interior possam assistir aos grandes times. Por essa ótica, meia torta, até que faria sentido.

Não faz. Mesmo quando os grandes enfrentam os pequenos, o público e irrisório. No ultimo final de semana, o Palmeiras enfrentou o Grêmio, em Presidente Prudente, diante de 6 mil torcedores, num estádio onde cabem 45 mil pessoas. Em Macaé 3 mil gatos pingados viram o Botafogo tascar 5x0 na Cabofriense.

Públicos mixurucas se repetem do Oiapoque ao Chuí, sinal inequívoco de que os estaduais perderam a razão de ser. O futebol deixou de ser a única opção de lazer nas pequenas e médias cidades e mesmo para que gosta do ludopédio, a tevê oferece uma gama de jogos no Brasil e no Exterior.

Se é para não matar os times pequenos, que se promovam campeonatos regionais, tipo Nordestão, Sul-Minas, Centro Oeste-Norte, com os grandes entrando nas fases decisivas.

Aos pequenos, esses torneios valeriam ainda como acesso à Copa do Brasil.

A fórmula atual é que não dá mais. Está morrendo de velha.

E quase ninguém vê.

Nenhum comentário: