sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

A fantástica fábrica de chocolate


A inauguração de uma fábrica de chocolate neste sábado em Ibicaraí tem um simbolismo que transcende o espaço físico do empreendimento.

Trata-se da primeira fábrica do país operada por agricultores familiares, que engloba toda a cadeia produtiva, do cultivo de cacau sem agrotóxicos, a seleção das melhores amêndoas, produção e a comercialização do chocolate.

A fábrica vai produzir chocolates finos, com até 70% de cacau, agregando valor e atendendo a uma demanda cada vez mais crescente no Brasil e no Exterior.

Com isso, os pequenos produtores, que tocarão a fábrica através de uma cooperativa, ganharão mais tanto pelo cacau (cerca de 50% acima dos preços de mercado), quanto pelo chocolate, que pode atingir valores que chegam a 200 reais o quilo.

A fábrica rompe, em nível de agricultura familiar, um ciclo que durante mais de um século foi seguido pelos médios e grandes produtores de cacau: o fornecimento de matéria prima para que empresários de outros estados (e outros países) ficassem com o filé do negócio que é a produção de chocolate.

Óbvio que uma fábrica com capacidade de para produzir 600 quilos de chocolate fino por dia não vai reverter essa realidade, mas caso a experiência seja bem sucedida, ela irá servir de estímulo à implantação de outras fábricas, fazendo com que o Sul da Bahia tenha uma participação expressiva numa área em que sua presença é quase nula, a despeito de algumas iniciativas isoladas.

Maior produtora de cacau do Brasil, com amêndoas de uma qualidade rara no planeta, a nossa região tem condições de se firmar como um pólo chocolateiro, ainda mais levando-se em conta o apelo mercadológico e ambiental da preservação da Mata Atlântica por conta da necessidade de sombreamento dos cacaueiros.

O binômio qualidade/sustentabilidade, aliado a um eficiente sistema de comercialização, poderá levar o chocolate fino produzido no Sul da Bahia a mercados do Brasil e do Exterior.

É essa fábrica, fruto da parceria entre o poder público e os agricultores familiares, quem poderá sinalizar um novo caminho para uma região que não pode mais se dar ao luxo de desprezar as potencialidades de um fruto que já foi considerado de ouro, mas que só brilha e gera lucros quando transformado num dos alimentos mais apreciados (e valorizados) do mundo.

Em pleno Natal, o velho e bom Papai Noel abre espaço para o igualmente simpático Coelhinho da Páscoa.

Fantasias à parte, que se descortine uma nova realidade para o Sul a Bahia, a partir da fantástica fábrica de chocolate.

Nenhum comentário: