segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

ACM, LEAL E O CHEQUE PRÉ-DATADO


Inicio da década de 90. A pretexto de inaugurar novas salas de aula numa escola da rede estadual, Antonio Carlos Magalhães, o todo poderoso governador da Bahia, fez um ato público na praça Adami, centro de Itabuna.

Era só pretexto mesmo. O que ACM fez foi desancar, com a verborragia habitual, seu ex-aliado Manuel Leal, dono do jornal A Região, que lhe fazia ferrenha oposição.

Embora fosse à época o jornal de maior circulação no Sul da Bahia, A Região era tratada, bem ao estilo ACM, sem pão nem água pelo Governo do Estado. Publicidade zero.

Mas o caudilho queria mais. Depois de atacar Leal, que assistia tudo da sede do jornal, bem ao lado da praça, ACM falou sem rodeios:

-Quem for meu aliado, meu amigo, não anuncia nesse jornal de merda...

Dias depois, apareceu na sede do jornal um empresário com veleidades de entrar na política, para pagar um anuncio de sua loja.

E, para não deixar dúvidas, preencheu o cheque com data anterior ao discurso-ordem de ACM.

Manuel Leal, que não era Manuel Leal por acaso, não descontou o cheque. Durante muito tempo exibiu-o, aos risos, aos amigos, como exemplo da “coragem” de alguns de nossos concidadãos.

O jornal, apesar das bravatas de ACM, sobreviveu. O velho capo não teve a mesma sorte.

4 comentários:

Rafael Almeida Teixeira disse...

e anos mais tarde a família recebeu o cheque; outro cheque.

qi bosta de história é essa, com esse "fim"

vc é um bom escritor cara.

rogerio disse...

muito bom texto, e o comentário do Rafael também, poucos saberam do que o Rafael está falando. Uma pena para a história de nossa cidade!

Souza Neto disse...

Que porra é essa!

Até hoje o Rafael e o Rogério tem receios de contar abertamento o final da história...

Vou contar por eles... Um certo dia, quando chegava à sua residência, Manuel Leal foi alvejado por alguns tirambaços... ACM e seus seguidores teriam sido os mandantes do assasinato.

Se isso for verdade, o malfadado espírito do ACM está ardendo no Inferno!

Unknown disse...

Rafael,
é Claro que todas as pessoas que vivem nesta região a pelo menos vinte anos sabem que o cheque a que você se refere é o do Governo do Estado, recebido pela familia Leal, dado em pagamento ao crime existido pelo assassinato de Manuel Leal, que, diga-se de passagen, até hoje não se tem o nome do mandante do crime.
Eu, claro, teria preferido receber aquele 1º cheque e estar vivo que ser assassinado e minha familia receber um pagamento pela minha morte.

Lorena