sexta-feira, 5 de novembro de 2010

ORGULHO DE SER NORDESTINO


Quadro de Waldomiro de Deus, baiano de Itagibá, que conquistou São Paulo e de lá o mundo, com sua arte.


A expressiva votação de Dilma Roussef no Nordeste, pelo tamanho monumental da diferença de votos entre ela e José Serra, produziu a impressão de que, não fossem os votos dos nordestinos, o tucano e não a petista teria vencido a eleição.

Os números mostram que, extraídos os votos do Nordeste, Dilma ainda assim bateria Serra e seria eleita presidente.

Dilma, portanto, ganhou com os votos do Nordeste, que lhe conferiram uma vitória espetacular, com mais de dez milhões de votos de diferença, mas não apenas por causa do Nordeste.

A votação nordestina a Dilma, região em que Lula é idolatrado e onde em algumas casas do interior sua foto divide espaço com o Padre Cícero (o que dá a idéia exata da devoção), serviu de mote para que viesse a tona uma onda, felizmente contida à tempo, de xenofobia.

E essa prática surgiu em São Paulo, o estado mais rico e desenvolvido do País e ao mesmo tempo o mais retrógrado e conservador, especialmente no que se refere à sua classe média.

Partiu de uma estagiária de Direito, uma pessoa em tese bem esclarecida, a mensagem mais agressiva, espalhada via internet, sugerindo que cada paulista matasse um nordestino para “limpar” São Paulo.

A partir daí surgiram expressões pejorativas do tipo “vagabundos”, “parasitas”, “câmaras de gás para extermínio em massa de nordestinos”, etc., como se habitássemos uma região que vive exclusivamente dos recursos do Bolsa Família.

Não seria o caso de dar repercussão à opinião de uma destrambelhada, chateada porque seu candidato foi derrotado.

É o caso, sim, de condenar uma agressão recorrente, que apareceu de maneira subliminar, mas perceptível, na campanha eleitoral. Era como se o país estivesse dividido entre os ricos e escolarizados eleitores do Sul/Sudeste, obviamente eleitores de Serra; e os pobres e semi-alfabetizados eleitores do Nordeste, uma legião de pobres coitados dependentes dos programas sociais de Lula, eleitores de Dilma, claro.

A votação de Dilma em São Paulo, onde ela obteve cerca de 45% dos votos os válidos, e as votações expressivas em Minas Gerais e no Rio de Janeiro, demonstraram que não é bem assim que se desenha o mapa do Brasil.

Não existe o país dividido que parte da mídia ressentida com a derrota de seu candidato preferido e uma elite que tem ojeriza à ascensão social de milhões de pessoas tentam mostrar.

Existe sim um país unido, em que a maioria dos eleitores fez a opção por uma candidata e um modelo de governo. Isso é democracia, tem que ser respeitado.

Com relação ao Nordeste, terra de gente trabalhadora, hospitaleira e alegre, região de belezas naturais e uma cultura que encanta pessoas do Brasil e de todo o mundo; se ainda apresenta indicadores sociais e econômicos inferiores aos centros mais desenvolvidos do país, é justamente porque ao longo de cinco séculos foi espoliado, primeiro pelos colonizadores e depois pela elite política.

Até que apareceu um certo Luiz Inácio Lula da Silva para mudar essa história...

Uma história que Dilma e os milhões de nordestinos e demais brasileiros vão continuar escrevendo, substituindo o preconceito e a discriminação pela igualdade.

Por um Brasil do Sul, do Sudeste, do Centro-Oeste, do Norte e do Nordeste.

De todos.

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