segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A mídia pistoleira e o terceiro turno


Dilma Rousseff combateu a ditadura militar, um regime que nas décadas de 60 e 70 do século passado suprimiu as liberdades democráticas e ampliou o fosso que separava os poucos muito ricos dos muitos muito pobres.

Dilma Rousseff integrou grupos de resistência que combateram o regime militar.

Era uma época em que não se podia enfrentar com flores os canhões da ditadura feroz . Era, enfim, uma guerra.

Dilma Roussef foi presa, barbaramente torturada e teve mais sorte do que muitos de seus companheiros de luta: sobreviveu.

Sobreviver era quase um milagre para quem caia nas garras do DOPS, do DOI-CODI, símbolos da ferocidade animalesca que brotou no lado mais sombrio do regime.

Sob tortura (e tortura é algo indescritível, só quem a sofre sabe a dor física e psicológica que ela representa), Dilma prestou depoimento aos militares, onde disse o que poderia dizer e talvez o que não pudesse ser dito.

Tudo devidamente registrado para a posteridade, obviamente que pela ótica dos torturadores e do regime a que eles serviram com zelo.

A ditadura militar, muito por conta dos que lutaram contra ela, ruiu de podre, deixando um legado de terror e podridão.

Dilma Rousseff saiu da cadeia e foi refazer a sua vida.

Por uma dessas ironias da História, viu-se guindada à condição de candidata a presidente da República, ungida pelo mais popular de todos os presidentes brasileiros em todos os tempos.

Durante a campanha, numa espécie de ´remake´ dos porões, Dilma Rousseff enfrentou uma campanha de boatos e baixarias sem precedentes no período pós-remecrotização.

Enfrentou, também, uma campanha avassaladora de uma parte da mídia contra a sua candidatura.

Veículos como a Rede Globo, O Globo, Veja, Folha de São Paulo e Estado de São Paulo deixaram a imparcialidade de lado e apoiaram claramente o candidato do PSDB, José Serra.
Nessa cruzada da mídia pistoleira, fabricaram escândalos,
superdimensionaram denuncias e Dilma foi satanizada como se simbolizasse todos os males do universo.

Recorreram-se aos porões da ditadura para mostrar que por trás da Mãe do PAC, além da devoradora de criancinhas, defensora do casamento entre pessoas do mesmo sexo e perseguidora de igrejas, Dilma também foi a terrorista sanguinária, que matou e assaltou bancos para implantar o comunismo no Brasil.

Contra essa parcela da mídia que se acha dona da opinião pública brasileira (quanta pretensão!), Dilma ganhou a eleição, tornando-se a primeira mulher eleita presidente do Brasil.

Ânimos serenados?

Qual nada, numa espécie de ´vinditta´ e em busca de um hipotético (e ridículo) terceiro turno, a mídia pistoleira ainda insiste na criação de uma Dilma guerrilheira, a partir de informações obtidas seu processo durante o regime militar, que só agora, depois das eleições, começa a ser divulgado.

Perde-se o timing (já que o efeito eleitoral agora é zero), mas não se perde a vergonha, nem a intenção de transformar Dilma Rousseff em refém de um passado que, em vez de denegri-la, a engrandece.

Dilma Rousseff e essa brava gente brasileira são maiores do que essa mídia pistoleira que a cada dia se apequena mais.

E, cega pelo ódio, rancor e preconceito, atira no próprio pé.

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