segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Essa terra ainda vai tornar-se um imenso Pau Brasil?


Na sexta-feira, dia 22 de outubro, centenas de produtores rurais bloquearam um trecho da rodovia BR 101, nas proximidades de Buerarema, no Sul da Bahia. A manifestação foi um protesto contra as cada vez mais freqüentes invasões de fazendas cometidas pelos índios tupinambás.

Para justificar as invasões, os indígenas, utilizam como uma espécie de salvo conduto um relatório elaborado por técnicos da Fundação Nacional do Índio, que reconhece como patrimônio tupinambá uma extensa área de 43 mil hectares, abrangendo os municípios de Ilhéus/Olivença, Una e Buerarema.

O relatório é passível de contestação e a demarcação ainda demanda um longo caminho, mas foi o estopim para que pequenas propriedades rurais, ocupadas por agricultores familiares há várias gerações, sejam invadidas, saqueadas, destruídas, com os moradores expulsos das terras que lhes garantem o sustento.

Há que se frisar que não existem grandes proprietários na área em litígio, composta majoritariamente de pequenas propriedades tocadas por agricultores familiares. Gente que, ao longo de séculos, foi tão espoliada e excluída quanto as diversas nações indígenas que habitavam o Sul da Bahia.

Os indígenas devem ter, sim, seus direitos resgatados e uma área onde possam resgatar suas tradições e viver com dignidade. Mas, em nome da justiça com os tupinambás, não se pode cometer uma injustiça com milhares de agricultores familiares.

Diálogo e bom senso são fundamentais numa situação como essa, onde ambos os lados tem suas razões.

E diálogo e bom senso são justamente o que estão faltando.

No sábado, dia 23, o pataxó hã hã hãe José Jesus da Silva, o Zé da Gata, foi assassinado na estrada que liga Pau Brasil a Itaju do Colônia, numa área que há três décadas os índios tentam obter na Justiça, como parte da reserva Paraguassu-Caramurú.


Típico crime de mando: o pataxó foi emboscado e atingindo por um disparo feito por um pistoleiro na carona de uma moto.

José Jesus da Silva é o 20º. pataxó assassinado nesta disputa sangrenta e sem tréguas, que em abril de 1997, produziu um mártir: o índio Galdino de Jesus, que foi queimado vivo por adolescentes de classe média de Brasília, onde estava para tentar agilizar a decisão do Ministério da Justiça sobre a posse da reserva.

O Sul da Bahia não pode ser tornar um imenso Pau Brasil.

Mas que corre esse risco, corre...

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