segunda-feira, 23 de agosto de 2010
Você conhece o Zé?
Lá pelos idos de mil novecentos e oitenta e alguma coisa, nos confins do interior do Mato Grosso, que naquela época era a coisa mais próxima do fim do mundo, mochila nas costas, sou abordado por um garoto, que pergunta:
-Moço, você é de onde?
Respondo:
-Sou de São Paulo...
E o menino:
-Ah, então você conhece o Zé, que mora lá...
Nem me dei ao trabalho de explicar ao menino que na imensidão que era (e hoje é mais ainda) São Paulo, deveriam existir algumas centenas de milhares de “zés”. Passei recibo:
-Claro que conheço. É meu vizinho. Quando voltar pra lá, vou dizer que encontrei um amigo dele aqui.
E segui meu caminho, naqueles anos sem destino, onde era possível rodar o Brasil e a América com o romantismo e o espírito aventureiro dos rebeldes sem causa.
A historieta salta dos desvãos da memória quando o Brasil, que já rompe a primeira década do século 21, se descobre diante de um “novo Zé”, que ninguém conhece.
Esse Zé é o que aparece horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão, como se fosse um personagem e não o político que ocupou cargos importantes como deputado, ministro, prefeito e governador de São Paulo e que está aí, na sua segunda tentativa para se eleger presidente do Brasil.
Esse Zé vem a ser José Serra, o candidato demo-tucano, que entre alguns de seus inegáveis atributos não inclui necessariamente a simpatia.
Pelas artes do marketing, esconde-se o Serra experiente e competente (não há como negar isso) e revela-se o Zé superficial e que soa tão verdadeiro como uma nota de três reais.
Um Zé que (ora vejam!) aparenta uma proximidade com o Lula até então desconhecida, posto que o Serra sempre foi oposição ao Luis Inácio e, ao menos era isso que se imaginava, disputa a eleição como um contraponto ao atual governo. Porque, se é para votar em alguém que se identifica com Lula, é melhor apostar no original (no caso Dilma Roussef) do que no genérico.
O fato é que nesse samba do crioulo, do moreno, do branco e do amarelo doidos, a campanha tucana entrou em parafuso e se não houver um fato de proporções apocalípticas, Dilma Roussef leva a eleição no primeiro turno.
Pelo menos não faltarão “zés” para os demo-tucanos jogarem a culpa por um eventual fracasso da candidatura do Serra, perdão do Zé, que nessa toada acabará mesmo como um “Zé Mané”...
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