sexta-feira, 6 de agosto de 2010

MULHERES APAIXONADAS




Francisco Paulo Lins da Silva, assassino confesso de Eliane Oliveira, está a caminho de Itabuna, onde deverá ser julgado pelo bárbaro crime que cometeu.

A prisão de Francisco, em Santa Luzia do Tide, lugarejo perdido nas profundezas do Maranhão, traz à luz uma história que vai além do infortúnio de Eliane.

Francisco, após ser identificado por vizinhos através de uma foto na internet, foi detido pela polícia quando fazia a limpeza de um terreno da casa onde morava.

E é aí que surge o componente perverso dessa história que envolve, como uma teia macabra, outras histórias de sangue e morte.

A casa em que Francisco morava pertencia a uma professora com quem ele estava convivendo há quatro meses, relacionamento iniciado dois meses depois de assassinar friamente Eliane.

E, a exemplo de Eliane, a professora estava apaixonada por Francisco, a quem definiu como um homem carinhoso, prestativo, companheiro e igualmente apaixonado por ela.

Não por acaso, essa é a mesma descrição de Francisco feita por Eliane aos seus familiares e amigos, enquanto ainda se imaginava diante de um príncipe encantado.

Quando descobriu o monstro que se escondia sob o manto cintilante do príncipe, foi assassinada.

É apenas uma hipótese, mas talvez fosse esse o destino da professora maranhense, visto que o modus operandi de Francisco é clássico: aproximar-se, envolver-se e conquistar mulheres de meia-idade, emocionalmente frágeis e propensas a acreditar que após tantas desilusões finalmente encontraram o homem certo.

Que acabou se revelando o homem errado para Eliane e para pelo menos duas outras mulheres de São Paulo e Goiás, envoltas pelo mesmo clima de paixão e tragédia.

Paixão e tragédia.

Tão distantes e inconciliáveis no mundo ideal.

Tão próximos e corriqueiros no mundo real, em que lobos e cordeiros (e também lobas e cordeiras) habitam o mesmo corpo, transitando entre o amor aparente e o ódio latente.

Lobos que às vezes não se apresentam apenas como cordeiros, mas como verdadeiros príncipes de conto de fadas, a oferecer amor até, feito a bruxa má, dar às suas vítimas a maça com o veneno da morte.

E aí, como não estamos num conto de fadas, não haverá um outro príncipe, esse sim amoroso, leal e garboso, a oferecer o beijo da ressurreição e do amor eterno.

Na novela da vida real, há mais franciscos do que príncipes, a espreitar, seduzir e trucidar mulheres apaixonadas.

O amor é cego, mas é se bom alvitre que o coração não seja surdo, nem mudo.

E que se escute a voz da razão que costuma desaparecer naqueles inexplicáveis momentos de idílio, no fogo da paixão e nos mistérios indecifráveis do amor.

Que rima, mas que jamais deve combinar com dor.

Um comentário:

Anônimo disse...

Excelente texto Daniel. Parabéns.

Espero que a justiça seja feita. Pelo menos o acusado já está preso e a caminha de Itabuna.

Abraço, até mais.

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