segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Candidatos de faz de conta





Para que servem os debates eleitorais com a presença de todos os candidatos?

Para que se possa conhecer as propostas e as contradições de cada candidato sem as maquiagens dos programas eleitorais e ao mesmo tempo concedendo o mesmo espaço aos que terão uma imensidão de tempo no horário gratuito e aos que ficarão imprensados em poucos segundos.

Certo?

Em tese, está certo, mas na prática, errado.

Tomem-se como exemplos os debates com os candidatos a presidente da República e a governador da Bahia, ambos promovidos pela Rede Bandeirantes.

No debate nacional, os três candidatos que disputam a eleição para valer, Dilma Roussef e José Serra, passaram o tempo todo medindo as palavras, evitaram o confronto direto e se preocuparam mais em não perder do que ganhar votos.

Marina Silva, que pode surpreender, ficou no meio termo, com seu jeito frágil e discurso messiânico. Arriscou menos do que deveria, mesmo podendo se colocar claramente como contraponto aos modelos de governo do PSDB e do PT.

E Plínio de Arruda Sampaio, que não tem chance nenhuma na eleição, fez o papel de franco atirador. Disparou seus petardos para todo lado e prometeu coisas que não precisará cumprir, visto que não vai se eleger mesmo.

Seu precioso tempo na tevê teria sido gasto melhor por Dilma e Serra, que afinal de contas são os que estão nesse negócio para ganhar e não para fazer figuração.

O mesmo raciocínio se aplica ao debate dos candidatos ao governo da Bahia, que pelo menos foi menos morno (e não não quer dizer necessariamente mais quente) do que o debate dos presidenciáveis.

Jaques Wagner, Paulo Souto e Geddel Vieira Lima, que disputam a eleição de verdade, se enfrentaram no limite do respeito. Souto e Geddel até ensaiaram umas “tabelinhas” para estocar Wagner, mas faz parte do jogo, afinal o adversário a ser derrotado por eles é mesmo o atual governador.

Era natural que o demo-tucano e o peemedebista tocassem nos pontos nevrálgicos do petista, como a segurança pública.

Mas, o que dizer de Bassuma, candidato do PV e até dias atrás um petista fervoroso, que mais parecia um pregador, com seu olhar santificado e pose de redentor, a desfilar soluções para tudo?

E o que dizer, então, do rapaz do Psol, metralhadora giratória e discurso de candidato a vereador em Salvador, que atingiu o clímax circense com sua “água benta” que fez lembrar um certo óleo de peroba num debate nas eleições municipais em Itabuna?

Eleição é coisa séria e democracia é fundamental.

Mas, um pouco de bom senso na hora da realização desses debates não faria mal.

Ao contrário, faria um bem danado.

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