terça-feira, 4 de maio de 2010

A pátria sem chuteiras


Em outros tempos, ano de Copa do Mundo era só futebol e mais nada. A Seleção Brasileira catalisava as atenções e o país parecia se unir e se vestir de verde amarelo.

Era como se a pátria calcasse chuteiras e entrasse em campo para jogar com os craques, em busca de mais uma taça.

A seleção dominava as conversas e num país onde quase todo mundo se julga técnico de futebol (e de seleção ainda por cima!) cada um tinha o time de sua preferência.

Que por sinal, quase nunca era o do técnico que, de fato, comandava o time canarinho.

Canarinho? Está aí um termo em desuso, daqueles tempos de “a taça do mundo é nossa, com o brasileiro não há quem possa” ou do “todos juntos vamos, pra frente Brasil, salve a seleção”.

Hoje, de tão banalizada e comercializada como se fosse um reles produto, a seleção brasileira perdeu parte de seu carisma.

Como virou negócio, jogadores de talento duvidoso -ou, fora de dúvidas, sem talento algum- passaram a vestir o manto outrora sagrado (outro termo fora de moda), apenas para serem negociados a peso de ouro.

E a Copa do Mundo, embora continue sendo o maior evento esportivo do planeta, já não desperta tanta atenção. Ou, pelo menos, não provoca a mesma mobilização de antes.

Exemplo disso é que, faltando pouco mais de um mês para o início do Mundial na África do Sul, se existe o tal “clima de Copa” ele se limita à propaganda, em que as empresas se engalfinham para associar suas marcas à Seleção Brasileira, pagando caro por isso, obviamente.

Nas ruas, ainda não se vê aquela profusão de verde-amarelo, nem o torcedor discutindo se o time de Dunga tem chances ou não de conquistar o hexacampeonato.

Até a recente discussão sobre a convocação de Neymar e Paulo Henrique Ganso, jovens promessas do Santos, soa artificial, alimentada que é por setores de mídia.

Não é motivo de acaloradas discussões, como em 1978 foi a não convocação de Falcão, e num passado mais recente, em 1998 no clamor por Romário, que também não foi ao Mundial.

Ganso, mais do que Neymar, merece uma vaga na Seleção, mas se não for convocado, no máximo Dunga será taxado de “burro” se não ganhar a Copa. Do mesmo modo que será taxado de “burro” ser perder com Ganso no time.

O que não muda é que, perdendo o título, o treinador é que paga o pato.
Imagina-se com a aproximação da Copa, o Brasil entre no clima e volte seus olhos para a Seleção, porque o futebol é uma paixão entranhada na alma do brasileiro.

De qualquer forma, é bom que o futebol, mesmo apaixonante, seja apenas um jogo.

Onde se ganha, se empata ou se perde.

E o mundo não acaba por isso...

Um comentário:

Rafael Almeida Teixeira disse...

Por falar nisso, eu brasileiro, desejei uma dia ser um bom jogado de de futebol.