segunda-feira, 3 de maio de 2010

Nota zero! Nota dez!



Na semana passada, a polícia militar deteve sete estudantes de três escolas públicas de Itabuna, o Imeam, Grupo Escolar General Osório e Colégio Josué Brandão. Os sete invadiram o Imean para tentar espancar uma professora de Matemática.

O “crime” cometido pela professora foi cobrar dos alunos rendimento escolar satisfatório e cumprimento das atividades em sala de aula.

Um dos estudantes não gostou e chamou colegas de outras escolas para dar uma “lição” na professora.

A agressão só não se consumou porque funcionários do colégio decidiram acionar a polícia, que deteve os estudantes, todos eles menores de idade e que, portanto, no máximo cumprirão medidas sócioeducativas, se é que vão cumprir.

O que aconteceu no Imeam é um fato isolado?

Infelizmente, a resposta é: não!

Esse tipo de ameaça se não chega a ser rotineira, não é raridade nas escolas da rede municipal de ensino, notadamente naquelas em que estudam crianças e adolescentes da periferia da cidade, onde a falta de oportunidades a desestrutura familiar são meio caminho andado para a delinqüência.

Porque só pode ser definido como delinqüente um estudante que decide bater na professora porque ela exigiu que ele não apenas freqüente as aulas, como assimile o que está sendo ensinado.

Ou que, como já ocorreu em Itabuna, entra armado na sala de aula e aponta ostensivamente o revólver para a professora, por conta de uma nota baixa na prova.

O mais lamentável é que muita vezes esses menores contam com a mais completa omissão dos pais, que chegam ao extremo de culpar o professor pelas reações destemperadas de seus filhos.

Como se os “pobrezinhos” fossem vítimas de perseguição por parte dos professores.

Temendo represálias, muitos professores não denunciam as ameaças feitas por estudantes. Preferem conviver silenciosamente com o problema ou então, numa reação natural, pedir transferência para outra escola.

Uma professora relatou que um de seus alunos chegou a dizer textualmente que “sei onde a senhora mora, a hora que sai de casa e onde seus filhos estudam”.

Mais ameaçador impossível.

Resultado: pediu uma licença médica e não retornou à sala de aula.

Óbvio que não é esse o caminho, mas ninguém é obrigado a se expor diante da ameaça cada vez mais freqüente de sofrer com a violência de delinqüentes travestidos de estudantes.

Até porque, professor não é mártir para arriscar a vida, numa profissão que exige dedicação, sacrifício e abnegação, mas em que pelo menos a integridade física deve ser preservada.

Quando a educação, ferramenta indispensável para a cidadania, passa a ser um caso de polícia é sinal de que alguma coisa está errada, não apenas no sistema educacional, mas na sociedade como um todo.

Nota zero para a violência nas escolas.

E nota dez para os professores, que a despeito aos baixos salários e das precárias condições de trabalho, insistem em atuar como verdadeiros educadores, fugindo do padrão “eu finjo que ensino, eles fingem que aprendem”.

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