quinta-feira, 1 de abril de 2010

Junto e Misturado


Eleição municipal de 2000 em Itabuna. Questionado por um repórter de televisão durante um comício no bairro Santo Antonio sobre o como ficariam as relações entre o município e o estado no caso de uma até ali improvável vitória do candidato do PT, Geraldo Simões, o então governador César Borges perpetrou uma frase de antologia:

-Água e óleo não se misturam.

Num tom mais acima (ou mais abaixo), o senador ACM, no esplendor do poder, bradava aos quatro ventos o que poderia ser traduzido de forma objetiva como:

- Se o PT ganhar a eleição, a cidade vai passar a pão e água, sem nenhuma gotinha de azeite que fosse.

Aquele tipo de pressão explícita acabou produzindo o efeito inverso. Como que tomada por um impulso coletivo, a população decidiu que poderia até passar a pão e água, mas não iria se subjugar.

O slogan “No meu voto mando eu” espalhou-se como um rastilho de pólvora pela cidade e, em menos de duas semanas, o candidato do governo, Fernando Gomes, viu ruir uma vantagem em torno de vinte pontos percentuais apontada pelas pesquisas.

Geraldo ganhou de Fernando por cerca de dois mil votos de diferença e, efetivamente, Itabuna entrou num regime de obras e ações do governo do estado, situação que só se reverteu a partir da vitória de Lula na eleição presencial.

Isso, agora, é história.

Dez anos depois, por uma dessas ironias que a política costuma produzir, o hoje senador César Borges, candidato a reeleição, está a um passo de compor a chapa de Jaques Wagner, governador da Bahia e petista de carteirinha, gerado no movimento sindical.

Qual o problema dessa mudança de posição de César Borges?

A resposta, a despeito de alguns muxoxos de integrantes do PT, é: nenhum problema!

A adesão de Borges, através de um acordo político, significa a possibilidade real de que Wagner vença a eleição já no primeiro turno, evitando um eventual segundo turno em que as chances do PMDB de Geddel Vieira Lima apoiar Paulo Souto, do DEM, não devem ser desprezadas.

Política, como bem ensinou o imortal Leonel Brizola, não é apenas a arte de engolir sapos, mesmo os sapos barbudos, como às vezes ter que digerir o brejo inteiro.

E, ao contrário do que ensinou outro imortal, o Barão de Cobertain, nem no esporte o importante é competir, mas vencer.

Na política então, essa coisa de entrar na disputa para marcar posição remete à pré-história do PT.

Água e óleo, enfim, não apenas se misturam como podem, levados ao forno/urna na medida certa, resultar num apetitoso e generoso prato de votos.

Um comentário:

Wesley Novais disse...

Companheiro, sou de Uruçuca, trabalho como Agente Comunitário de Saúde e tenho meu Blog, chama-se "É Política". Nele estou divulgando seu blog. Gostaria que vc me desse uma força, colocando meu link em sua blogsfera, por gentileza. Ficari grato.
www.epoliticasulba.blogspot.com