sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

FILHO DO BRASIL, CIDADÃO DO MUNDO


Um menino nasce no paupérrimo sertão de Pernambuco, em meio à seca que espalha a fome.

Viaja com a mãe e os irmãos num pau de arara durante 13 dias e ao chegar a São Paulo, encontra o pai ignorante e violento. Para sobreviver naquele ambiente de miséria absoluta, vende amendoim e engraxa sapatos.

A mãe, cansada das agressões, separa-se do pai. O menino e o irmão são criados com todos os tipos de provações. Para completar, numa noite de chuva forte, a enchente destrói os poucos pertences da família.


Já adolescente, ele vai ao cinema pela primeira vez, com uma roupa emprestada.

Realiza um curso no SENAI, aprende a profissão de metalúrgico, naquilo que parecia ser o degrau máximo de sua existência, e conhece a dureza da vida na fábrica.

Avesso à política, apaixonado por futebol, aos poucos vai percebendo a relação explorador-explorado que existe entre patrão e empregado. Na pressa para produzir mais e mais, perde um dedo num acidente de trabalho.

Mas ainda assim reluta em entrar no efervescente movimento sindical.

Por conta da precariedade do sistema de saúde pública, perde a mulher grávida e o filho que estava para nascer.

O clima de tensão na vida operária, que coincide com o endurecimento do regime militar, o empurra de vez para o sindicato, primeiro como diretor obscuro, depois como presidente, numa ruptura com o peleguismo vigente.
Torna-se um líder corajoso e carismático, capaz de reunir até cinqüenta mil operários em assembléias em que seus discursos mimetizam a multidão. Comanda uma greve que catalisa o país e começa a abalar as estruturas do poder militar.

É preso pela ditadura. A mãe, o esteio de sua vida, morre enquanto ele está na cadeia.

Da militância sindical, migra para a política. Ajuda a fundar um partido preferencialmente de trabalhadores.

Transforma-se numa liderança nacional, espécie de referência, de exemplo de superação.

Disputa uma eleição para Presidente da República. Perde.

Percorre o Brasil em caravanas da cidadania em que conhece, ou melhor, revê a miséria que atinge milhões de excluídos. Disputa de novo a eleição para Presidente da República. E, de novo, perde.

À frente de seu partido, comanda a mobilização por um país mais justo, menos desigual. Disputa sua terceira eleição para Presidente da República. Mais uma vez, perde.

Não desanima, continua sua luta.

Disputa pela quarta vez a eleição para a presidência da República. Vence.

Enfrenta um furacão provocado por uma crise ética no partido, sofre uma campanha voraz por parte da mídia, mas é amado pelo povo. Reelege-se com a maior votação da História.

Seu governo promove, como nenhum outro, a inclusão social. É atropelado por uma crise mundial, mas o país sai ainda mais forte do vendaval.

Torna-se uma liderança de dimensão planetária e garante seu lugar na História como um dos presidentes mais admirados que o Brasil já teve.

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Se um filme com um enredo desses passasse em Marte, Júpiter, Saturno ou numa outra Galáxia, um ET estupefato diria:

-Isso só acontece no cinema.

Aconteceu na vida real e é a história de Luiz Inácio Lula da Silva.

Está em cartaz nos cinemas brasileiros e, visto sem o maniqueísmo “adoro/odeio” Lula, tem pouco ou quase nada de propaganda política disfarçada e muito de uma história de superação, de que a perseverança e uma boa dose de sorte são capazes de driblar até essa entidade trapaceira chamada destino.

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