sexta-feira, 2 de outubro de 2009

LUIZ INÁCIO DO BRASIL


Na década de 50 do século passado, o escritor e dramaturgo Nelson Rodrigues cunhou uma expressão para explicar porque, a despeito do talento de nossos jogadores, o futebol brasileiro sempre fracassava em Copas do Mundo, sucumbindo diante dos fortes mas duros de cintura europeus e até mesmo dos apenas raçudos uruguaios.
Nelson Rodrigues dizia que o brasileiro sofria de “complexo de vira-latas”, algo similar a uma incurável sensação de inferioridade.
Na Copa de 58, na Suécia, Pelé, Garrincha, Didi, Nilton Santos e Cia. trataram de mostrar que vira-latas que late, também morde. Daí em diante, o Brasil se tornou o maior vencedor de Mundiais, com cinco conquistas.
Vencemos o nosso complexo de vira-latas?
Que nada!
Pelo menos para parte de nossas “cabeças pensantes”, continuamos sendo um povinho pé de chinelo, a abanar o rabo para as chamadas nações desenvolvidas.
O último exemplo dessa lógica ilógica, típica dos que acham que quanto pior melhor, foi a disputa pela indicação da cidade-sede dos Jogos Olímpicos de 2016.
A se depreender do que se lia e se ouvia em grande parte da mídia, que chance teriam o Rio de Janeiro terceiro-mundista diante da norte-americana Chicago, da européia Madri e da japonesa Tóquio, todas as capitais de primeiro mundo?
Nenhuma.
A comitiva brasileira na Dinamarca, onde se decidiu a escolha da cidade-sede, comandada pelo presidente Lula e que tinha entre seus integrantes um mito planetário chamado Pelé, quase foi comparada uma trupe de circo mambembe.
Quem era aquele ex-retirante, operário metalúrgico, que a perseverança e o destino transformaram em presidente do Brasil, para enfrentar Barak Obama, o presidente da maior potência do mundo, que foi à Dinamarca fazer lobby em prol de Chicago?
Pois foi esse presidente dono de uma biografia única quem se transformou numa espécie de porta-bandeira da auto-estima brasileira.
Lula, na contramão do complexo de vira-latas, se notabilizou em enaltecer a grandeza do Brasil e dos brasileiros. Um país fadado a ser um dos grandes do mundo, habitado por um povo criativo, empreendedor, capaz de superar (ou seria driblar?) todas as dificuldades.
Um presidente que quando o mundo mergulhou numa das piores crises econômicas de sua história (e quando muitos previram o apocalipse), disse que o Brasil iria atravessar a tormenta e sair ainda mais forte dela.
Saiu.
Um presidente vindo da pobreza e que como nenhum outro tirou tantos brasileiros da pobreza; um presidente com pouca escolaridade, mas que como nenhum outro colocou tanta gente na escola e abriu as portas da universidade para os estudantes carentes.
Um presidente que se parece com cada um de nós, porque essencialmente é isso mesmo: um de nós.
O Brasil, que vai sediar a Copa do Mundo de Futebol de 2014 após 54 anos e que traz pela primeira vez uma Olimpíada para um país da América do Sul, caminha para ser a quinta potência econômica do planeta, mas acima de tudo é o pais que descobriu a sua auto-estima.
Evidente que não é o paraíso na terra e há muito que avançar em termos de educação, saúde, segurança pública, infra-estrutura e combate às desigualdades sociais.
Mas também não a casinha de cachorro do mundo.
Aos que ainda tentam nos impingir o complexo de vira-latas recomenda-se colocar o rabo entre as pernas.
Vão continuar latindo, enquanto a caravana passa e o Brasil de Luiz Inácio e de milhões se brasileiros que não desistem nunca seguem em frente.

Um comentário:

JOSELITO PEDAGOGO disse...

ainda bem que se tem o que nestes blog. você sempre tras um coisa verdadeira amigo jornalista. a sindrome de vira lata, esta acabando. e a hora e vez do brasil. joselito e pedagogo.