sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Adivinhem quem paga o pato?



O Pacto conta a Violência, uma proposta que envolve (ou deveria envolver) todos os segmentos da sociedade civil organizada em Itabuna, é uma dessas ótimas ideias, dignas de apoio e aplausos.

No papel, o pacto tem o objetivo de promover ações conjuntas que envolvem projetos de inclusão social, melhoria da infra-estrutura urbana e combate à criminalidade.

Tudo dentro de uma visão correta de que ninguém nasce bandido e que muitos dos facínoras que matam, estupram e roubam são subprodutos perversos do meio em que vivem; onde o mundo do crime é o único caminho, diante da completa falta de perspectivas de vida.

Em sendo assim, é salutar que todos se mobilizem, já que o combate à violência não passa apenas pela ação dos órgãos públicos, sejam eles municipais, estaduais ou federais.

Trata-se de um trabalho árduo, que exige dedicação, desprendimento e espírito público.

Não se trata de um hobby de alguém entediado e nem de uma maneira fácil de ganhar os holofotes da mídia.

É algo para quem sabe que terá imensos desafios pela frente e está disposto a encará-los.

O Pacto contra a Violência é mais do que necessário, num momento em que a cidade se vê às voltas com uma onda de violência sem precedentes em sua história quase centenária, com assassinatos diários, assaltos e arrombamentos contados às centenas e com o tráfico de drogas impondo o medo e o terror nos bairros mais carentes da periferia.

Uma cidade assustada e que necessita justamente de uma ação desse porte, capaz de a médio e longo prazos trazer um pouco de tranqüilidade a uma população que se tornou refém da bandidagem.

O problema é que, realizadas várias reuniões, o Pacto contra a Violência ainda não conseguiu superar a barreira que separa a boa intenção da ação.

Pior ainda: já começam a surgir acusações mútuas de boicote e desinteresse, partindo justamente daqueles que deveriam conduzir o processo.

Em vez do consenso e da união em torno de um objetivo nobre, o desentendimento e a desunião.

Não é por ai.

É preciso que cada um faça a sua parte e que as partes se tornem um todo, para que a violência seja combatida em todas as suas vertentes.

Para que um dia, quem sabe, o Pacto contra a Violência se torne num Pacto pela Manutenção da Paz.

Se o caminho a ser seguido não for esse, adivinhem quem paga o pato?

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Quarta-feira, dia 14, por volta das 16 horas, numa rua próxima à Santa Casa de Misericórdia, bairro Pontalzinho, Itabuna.

Quatro jovens tentam assaltar duas estudantes, exigindo a carteira e os telefones celulares.

Um morador presencia a cena e, sem titubear, saca o revólver e atira.

Poderia ter atingido os bandidos como poderia ter atingido as estudantes ou alguém que passasse pela rua.

Felizmente não atingiu ninguém, mas a cena dá bem uma dimensão do estado a que chegamos diante de insegurança em Itabuna.

Uma triste dimensão.

Ainda é preciso perguntar quem pago o pato caso o pacto fique no blablablá?

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