segunda-feira, 14 de setembro de 2009

O GIGANTE E O ANÃO


Rubens Barrichelo, o Rubinho, sempre foi uma espécie de patinho feio entre os pilotos brasileiros que se aventuraram pela Fórmula 1, quando não o bobo da corte, alvo de todo tipo de piada, algumas engraçadas, outras infames.

Rubinho nunca teve a genialidade e o carisma de Airton Senna, a eficiência de Emerson Fittipaldi e Nelson Piquet, nem a técnica apurada de Felipe Massa.

Quando correu pela Ferrari, teve como primeiro piloto ninguém menos do que Michael Schumacher, fenômeno inquestionável da categoria. Não bastasse isso, em nome do jogo de equipe várias vezes foi obrigado a ceder sua posição ao alemão, numa delas a poucos metros da linha de chegada.

O máximo que consegui foi o vice-campeonato da Fórmula 1, o que na cultura brasileira significa ser o último.

Estava no ocaso da carreira, quase se aposentou no final do ano passado, mas ganhou um carro surpreendentemente competitivo e eis que, depois de um início de temporada titubeante e algumas trapalhadas dele e da equipe, ganhou as duas ultimas corridas em Valência e em Monza.

Faltando quatro provas para acabar o campeonato, está na briga pelo título, com chances reais de vencer o Mundial.

Rubinho, enfim, calou seus detratores e mostrou se que não é um gênio, também não é o barbeiro destrambelhado que têm dificuldades até para dirigir um fusquinha.



Como jogador de futebol, Dunga sempre foi coadjuvante em meio a protagonistas como Romário, Bebeto, Rivaldo, Ronaldo e Careca, apenas para citar os craques de sua geração.

Ganhou uma Copa do Mundo com uma seleção que não deixou saudades e perdeu outras duas. Na de 1990, na Itália, o futebol feio fez surgir a “era Dunga”. O sucesso indiscutível como jogador, mesmo um jogador mais de transpiração do que de inspiração, nunca teve o reconhecimento que ele deve ter esperado da mídia e da torcida.

Ao levantar a Copa de 1994 nos Estados Unidos, um momento máximo na vida de qualquer jogador, em vez de comemorar, proferiu uma série de palavrões para uma audiência planetária.

Dunga assumiu a Seleção sem nunca ter treinado um time. Foi criticado pela imprensa, enxovalhado pela torcida, mas fez de um grupo quase desmoralizado uma equipe vencedora.

Ganhou a Copa América, a Copa das Confederações, classificou a Seleção Brasileira para a Copa do Mundo com quatro rodadas de antecedência.

Dunga, enfim, calou seus detratores. O coro de “burro” foi substituído pelos aplausos, o reconhecimento. Pode não ser um Telê Santana (que por sinal não ganhou nenhuma Copa do Mundo) ou um Felipão, mas não é nenhum zé mané, incapaz de dirigir até um time de casados contra solteiros.

As semelhanças entre Rubinho e Dunga acabam aí.

Rubinho, mesmo nos piores momentos a nas brincadeiras mais absurdas, nunca deixou de sorrir, de tratar bem as pessoas, de ser aquele sujeito bacana, que faz a gente torcer por ele.

Dunga, eternamente mal humorado e incapaz de sorrir até nos momentos de celebração, é a imagem do ressentimento, que às vezes faz a gente torcer contra a Seleção.

Rubinho é o gigante, que cresce até quando se apequena.

Dunga é o anão, que se apequena até quando se torna grande.

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