terça-feira, 25 de agosto de 2009
PASSADO, PRESENTE. FUTURO?
Num momento em que, por conta da disputa eleitoral de 2010, se tenta difundir a idéia de que o governo atual é um equívoco e que é preciso recolocar a Bahia nos trilhos do progresso e do bem-estar social, numa espécie de retomada do paraíso perdido, é de bom alvitre analisar os resultados do estudo anual sobre desenvolvimento dos municípios brasileiros.
O documento, elaborado pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) é relativo aos anos de 2005 e 2006, não por acaso os dois últimos anos do sistema que controlou a Bahia com mão de ferro por mais de duas décadas e traz números reveladores.
Como uma espécie de corolário das desigualdades sociais, neste período a Bahia apresentou o pior desempenho no comparativo de 2005 e 2006 quando o assunto é desenvolvimento.
Os dados da Firjan, que levam em conta as áreas de Emprego/Renda, Educação e Saúde, demonstram que a Bahia caiu do 18º. para o 22º. lugar em desenvolvimento. Como se fosse possível (e foi) conseguiu-se piorar o que já era ruim.
Revelam mais: 188 dos 500 municípios brasileiros com os menores percentuais de desenvolvimento, 188 são baianos. E mais ainda: quando se considera os 100 piores, a Bahia ampliou de 27 para 34 o número de municípios (34% deles), em comparação com a avaliação anterior.
Se faltava uma espécie de título inglório para simbolizar esse quadro vergonhoso, não falta mais: Santa Luzia, cidadezinha encravada na Região Cacaueira da Bahia, apresenta o pior índice de desenvolvimento do país, superando localidades de estados em que se julgava inferiores à Bahia como Piauí, Maranhão, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará.
Santa Luzia, com seus índices africanos de desenvolvimento é o contraponto com a campeã São Caetano do Sul, na Grande São Paulo, como índices dignos dos mais ricos países europeus.
Ilhéus e Itabuna também refletem a realidade baiana. Em Itabuna, houve um recuo de 1,5% (sinal de estagnação, o que não é bom). Em Ilhéus, a queda foi de 10%, o que é péssimo.
Um estado em que seus indicadores de emprego/renda, saúde e educação (sentidos no dia a dia pelos baianos e apenas confirmado pelos números) o colocam na rabeira do desenvolvimento brasileiro, não se concerta da noite para o dia ou num passe de mágica.
Os avanços, e eles existem, às vezes demoram para aparecer dada a situação de extrema desigualdade, ainda mais quando se abre mão de obras faraônicas, de grande apelo propagandístico, e se investe em projetos que melhoram a qualidade de vida dos baianos.
Saúde e Educação, além da geração de emprego e renda, devem estar entre as prioridades de qualquer governo que se proponha a reduzir o imenso fosso que separa os poucos muito ricos dos muitos muito pobres.
Que esses dados sirvam de alerta para evitar que o mantra muito bem engendrado e repetido à exaustão, ofereça um futuro que na verdade é a volta ao passado.
Um passado em que o que era cantado em prosa e verso como a terra da felicidade era o reino da desigualdade.
O rei se foi, mas os súditos e candidatos a sucessor estão aí, verdadeiros mercadores de ilusões, vendendo o que nunca entregaram e certamente nunca irão entregar.
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