terça-feira, 18 de agosto de 2009

Nota de 3 reais


Pesquisas de intenção de votos, faltando mais de um ano para a eleição, servem para alimentar o noticiário e, no máximo, para sinalizar uma tendência que pode se confirmar ou não.

Na prática, tem tanto valor quanto uma nota de três reais ou a palavra de certos políticos.

Daí que, as recentes pesquisas divulgadas sobre a sucessão estadual na Bahia e a sucessão nacional permitem leituras para todas as conveniências.

Na Bahia, a pesquisa Vox Populi aponta um empate técnico entre Jaques Wagner e Paulo Souto no questionamento estimulado e uma liderança tranqüila de Wagner na resposta espontânea.

O candidato do PMDB, Geddel Vieira Lima, aparece em terceiro, ainda longe dos líderes, mas que fatalmente irá se configurar como o fiel da balança.

A ruptura recente -e ainda não devidamente digerida por ambas as partes- entre PT e PMDB torna aparentemente difícil uma composição entre Wagner e Geddel num eventual segundo turno, contra Paulo Souto.

A troca de farpas entre petistas e peemedebistas só faltou incluir a sacrossanta mãezinha no meio, mas isso pode ser creditado ao calor do momento, embora o próprio Geddel, embora sinalize que a tendência é apoiar Wagner caso fique pelo meio do caminho, não chega a fechar totalmente as portas para a dupla DEM-PSDB.

Mantida a polarização Wagner-Paulo Souto, algo absolutamente natural, já que o carlismo embora combalido não pode ser considerado morto, o PMDB de Geddel pode decidir o pleito em favor de um ou de outro. A que preço, só Deus sabe, se é que sabe.

No caso de Wagner, resta aproveitar esse momento de recomposição do governo para imprimir um novo ritmo à administração, agilizando setores que não estavam funcionamento a contento.

O que fica mais fácil a partir da formação de uma base aliada que seja, efetivamente, aliada, com o perdão da necessária redundância.

No plano nacional, a liderança de José Serra aparentemente parece folgada, já que ele tem praticamente o dobro das intenções de votos de Dilma Roussef e Ciro Gomes.
Numa demonstração de que números podem ser lidos ao gosto do freguês, o que parece folga, pode parecer complicação.

Governando o estado mais rico e poderoso do país, saído de eleição presidencial, eleição para prefeito e governador de São Paulo, presença constante na mídia, Serra está num patamar, digamos, modesto para quem sempre despontou como franco favorito à sucessão de Lula.

E Lula, com sua espantosa popularidade, imune a crises econômicos e aos sarneys da vida, terá um peso ainda não devidamente avaliado quando aparecer ao lado de Dilma, apontando-a como sua candidata.

Há ainda o fator Ciro Gomes e o fator Marina Silva, que entram para a categoria do imponderável de toda a eleição.

Isso se Ciro for mesmo candidato a presidente e não a governador de São Paulo, como quer Lula, em mais uma de suas manobras clássicas, em que ao PT só restará reclamar internamente e aplaudir publicamente.

Enfim, eleição e pesquisas são como nuvens: cada vez que a gente olha, estão de um jeito e a imaginação dá asas aos mais variados formatos.

Às vezes, elas se abrem para os raios de sol.

Outras, se convertem em chuvas e trovoadas

Mas, esta aí uma previsão não depende da meteorologia, mas do eleitor.

Pelo sim, pelo não, é de bom alvitre incluir o guarda-chuva nos apetrechos de uso diário.

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