sexta-feira, 28 de agosto de 2009
AQUI NA TERRA NÃO ESTÃO JOGANDO FUTEBOL
Para os fanáticos por futebol, daqueles que não tiram o olho da televisão nem diante dos “menos piores” momentos de jogos da Série D do Campeonato Brasileiro, poder assistir a um Flamengo x Fluminense numa quarta feira gelada é um presente dos Deuses da Bola.
Mesmo que a partida seja valida pela ainda incipiente Copa Sul Americana, torneio meia boca que reúne as sobras de times da Copa Libertadores, Fla-Flu é sempre Fla-Flu, um clássico do futebol carioca.
Jogo às 10 da noite para não atrapalhar a novela Caminho das Índias, que o filé da programação da Rede Globo, lá estamos nós de olho da tela enquanto aqueles dois times de camisa rubro-negra e camisa tricolor, de tantas glórias e tradições, pisam o gramado do Maracanã, símbolo maior da paixão brasileira pelo futebol.
Dois times que já ostentaram craques/e ou ídolos de antologia: Dida, Zizinho, Zico, Junior, Leandro, Doval, Bebeto e Romário pelo Fla; Castilho, Tim, Gerson, Rivelino, Assis, Washington e Romerito pelo Flu.
Pois não foram necessários nem dez minutos de jogo para que qualquer resquício de encantamento, se é que ele ainda existia, fosse para o vestiário.
O que se viu num Maracanã merecidamente vazio foi o retrato do festival de mediocridade que assola o futebol brasileiro, que exporta seus melhores valores para a Europa, manda os medianos para países da periferia da bola e deixa aqui quem não consegue transferência ou resolve voltar. Tão raros que dá para contá-los nos dedos da mão de Lula, com o perdão da piada politicamente incorreta.
Foram noventa e sete minutos de tortura (o juiz ainda teve a coragem de dar sete minutos de acréscimo), com a bola sendo maltratada por jogadores que em tempos nem tão remotos assim não engraxariam nem a chuteira de um Zico ou um Gerson.
Ou será que alguém colocaria pernas de pau como Willian, Everton, Denis Marques, Fierro, Zé Roberto, Kieza, Conca, Fabinho, Cássio e Diguinho no seu álbum de figurinhas ou no time de futebol de botão?
Num Fla-Flu que poderia muito bem ser receitado como remédio infalível contra a insônia, não se viu uma jogada de efeito, um drible desconcertante, um passe magistral ou mesmo a mais rudimentar organização tática.
Apenas correria, chutões, simulações de faltas, passes errados e a pobre da bola sonhando em receber um afago. Coitada, ficou no sonho...
O placar de 1x1 refletiu o que foi o jogo. O gol do Fluminense foi marcado após um pênalti inexistente. O do Flamengo, numa jogada em que Denis Marques tentou chutar para um lado, a bola bateu num zagueiro do Flu, num atacante do Fla e foi cair dentro da meta..
O típico gol de sorte, obra do acaso.
Sorte, acaso é conseguir assistir a um jogo de futebol no Brasil em que, encerrada a partida, a gente diga: “que pena, acabou”.
Porque a regra, para quem agüenta assistir até o apito final, é “ufa, acabou!”.
Em tempo: o futebol carioca está de dar pena, mas o outro jogo transmitido pela Rede Globo, entre Corinthians e Barueri (quem?) também foi um show de horror.
Enfim, ao contrario do que cantou o genial Chico Buarque, aqui na terra brasilis pode ter muito samba, muito choro e rockin roll. E mais ainda, muito axé music, sertanejo e pagode.
Mas, definitivamente, não estão jogando futebol.
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