quinta-feira, 16 de julho de 2009

O ENCASTELADO E O FAMOSO

Acabou em nada o processo contra o deputado Edmar Moreira, acusado de uso indevido da verba indenizatória. Por nove votos a três, os integrantes do Conselho de (falta de) Ética salvou o mandato de Edmar e escreveu mais uma página vergonhosa no volumoso livro de impunidade, best seller inquestionável do Congresso Nacional.

Edmar Moreira é o célebre deputado do castelo avaliado em 25 milhões de reais, não declarado à Receita Federal, cujo processo de salvação (e não de cassação), passou por três relatores, sendo o último deles o deputado baiano Sérgio Brito. Para justificar a absolvição, o parlamentar perpetrou uma aberração, alegando que o uso de verba indenizatória para o pagamento de serviços prestados por empresas da própria família só foi proibido a partir de sete de abril deste ano, data posterior ao pecadilho de Edmar..

Em sendo assim, Brito considerou que até a publicação da portaria, o procedimento não era considerado infração. Era prática comum.

Note-se que a portaria só foi publicada após uma série de denuncias publicadas pela mídia dando conta do uso indevido das tais verbas indenizatórias. Não fosse isso e a farra teria continuado pelos séculos e séculos amém.

Poupado pelo espírito de corpo e de auto-preservação que impera no Congresso Nacional -e também nas Assembléias Legislativas e Câmaras Municipais por esse Brasil afora- Edmar Moreira continuará encastelado em Brasília, com o mandato preservado, e poderá desfrutar de seu castelo mineiro, visto que essa casta só costuma bater ponta na Capital Federal de terça a quinta feira.

Antes de fechar as cortinas do espetáculo circense em torno do processo que salvou Edmar Moreira, não poderia deixar de entrar em cena o deputado gaucho Sérgio Moraes, aquele que estava se lixando para a opinião pública, depois afirmou que Moreira poderia continuar andando de cabeça erguida e que tinha certeza de sua reeleição em 2010.

E Moraes entrou em cena, em seu melhor estilo.

Comemorou a mais do que previsível absolvição de Moreira e ainda ironizou, afirmando que depois dessa exposição toda na mídia ficou famoso. "Essa polêmica me deu muitos pontos. Nunca recebi tantos convites na vida, ganhei espaço", gracejou.

Se é o esse tipo de fama que ele e seus colegas buscam, temos então a versão do Big Brother Brasília, em que a ética é chutada para escanteio e o que importa mesmo é se dar bem. Ficar famoso.

E ainda por cima embolsar um milhão, vários milhões, sabe-se lá o que mais, porque apesar de um ou outro trambique descoberto, essa não é nem de longe a casa mais vigiada do Brasil.

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