sexta-feira, 24 de julho de 2009

ATÉ QUE LULA NÃO OS SEPARE


Há cerca de duas semanas, as relações entre o PT e o PMDB na Bahia haviam atingido um nível tal de pressão que o rompimento parecia inevitável.

Fustigado pelo PMDB desde o início de seu governo, com a insistência de Geddel Vieira Lima em se lançar candidato a governador, Jaques Wagner rompeu o silêncio com que recebia as provocações e num rompante atípico para seu estilo conciliador, disse entre outras coisas que alianças existem enquanto são benéficas para todos e não apenas para uma das partes. Disse também que era ele, e não o PMDB, quem decidiria até onde iria a convivência entre os dois principais partidos da base aliada.

Foi uma clara alusão aos cargos ocupados pelo PMDB no governo estadual, dos secretariados aos escalões menores.

A resposta de Wagner, aliada à convicção com que Geddel defendia a candidatura própria do PMDB ao Governo do Estado (no caso, a própria candidatura) fez com que muita gente imaginasse que a separação era uma questão de horas.

Passaram-se as horas, os dias, as semanas e a crise de relacionamento discutida abertamente e ameaçando descambar para a troca de insultos, arrefeceu.

Desavenças, e elas permanecem, estão sendo discutidas intramuros ou sob os lençóis, longe dos holofotes e do falatório.

Nesse interregno, houve um elogio explícito do presidente Lula a Geddel Vieira Lima, durante um encontro com prefeitos de todo o País. O presidente, do alto de sua estratosférica popularidade e com a costumeira grandiloqüência, citou Geddel como um dos melhores ministros que já ocuparam a pasta da Integração Regional.

O elogio, que poderia fazer Geddel inflar e sair alardeando sua candidatura e ao mesmo tempo fazer Wagner trilhar os dentes de raiva, teve efeito contrário.

Nem Geddel fez foguetório, nem Wagner estrilou.

O que se viu dali em diante foi uma calmaria, alimentada por um ou outro comentário, do “eles vão acabar se entendendo” ao “não tem jeito, Dilma terá dois palanques na Bahia”. Mas, nada sem muita bconvicção.

Fica patente, embora em política o que se escreve hoje pode ter o mesmo valor de uma nota de três reais amanhã, é que Lula conseguiu serenar os ânimos entre petistas e peemedebistas na Bahia, que estão se dando mais uma chance (talvez a verdadeira) de discutir a relação e manter um casamento que será bom - e conveniente- para ambos.

Com o PMDB na base aliada, a reeleição de Wagner se torna uma tarefa menos árdua.

Eleitos Wagner governador e Geddel senador, o sonho do peemedebista de ocupar o Palácio de Ondina não será sepultado, apenas adiado. E será ainda mais possível do que caso ocorra um eventual retorno do carlismo ao poder.

Os casamentos na política, que costumam unir o improvável e mesmo o impossível, dispensam veleidades como amor e afeto. Exigem um certo nível de respeito e companheirismo, sem os quais descambam para a troca de sopapos.

É mais ou menos na base do “foi bom pra você também?”

Tendo o velho “Lulinha paz e amor” (ou “Lulinha por Dilma eu chamo até Collor e Sarney de meu bem”) como alcoviteiro, não se duvide que, entre tapas e beijos, prevaleçam os beijos.

Pelo menos até que uma outra eleição os separe...

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