quarta-feira, 3 de junho de 2009

PASSA O CELULAR, PORRA!

Em Itabuna, 19 horas. Esquina da avenida Juracy Magalhães com a rua Marechal Floriano Peixoto, centro da cidade.

Uma estudante universitária está quase chegando em casa, quando decide fazer uma ligação pelo telefone celular.

A ligação não dura nem um minuto. Mal ela acaba de colocar o aparelho na bolsa, é abordada por um sujeito armado, com o capacete na cabeça providencialmente escondendo o rosto, que decreta, rispidamente:
-Passa o celular, porra!

A jovem se assusta, tenta pegar o celular, mas o assaltante está impaciente. Ainda com a arma apontada para a cabeça dela, arranca a bolsa e sai, mandando que ela não se mexa.

Poucos metros depois, um motoqueiro, que igualmente protegido pelo capacete, aguarda o colega de crime, liga a moto e sai tranquilamente pela avenida, no sentido centro-bairro.

Estava consumado mais um assalto cometido pela horda de motobandidos que nos últimos anos assola e assusta os itabunenses.

A cena é tão banal que nem deveria mais chamar a atenção.

Ao contrário: justamente por ser tão banal é que deve chamar a atenção.

Não é possível que esses marginais a bordo de motos e protegidos por capacetes continuem agindo com tanta freqüência sem que a polícia tome providências para, ao menos, reduzir o número de assaltos.

Esses motobandidos assaltam transeuntes, lojas, lotéricas e outros estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços com uma facilidade que espanta.

Agem na mais completa impunidade e criam uma sensação de pânico tal que, de carro ou à pé, quando cruzamos com duas pessoas a bordo de uma moto, já ficamos com medo de sermos assaltados.

A minoria que usa as motos para cometer assaltos acaba nos levando a achar que todos os motociclistas são bandidos em potencial. E, obviamente, não são.

A Assembléia Legislativa da Bahia aprovou e o governador Jaques Wagner sancionou uma lei que regulamenta o transporte complementar no Estado. A medida inclui vans, kombis, ônibus e micro-ônibus, mas não contempla as motos.

Não seria o caso, já que não é possível por enquanto regulamentar, a menos disciplinar a atividade através de associações e com a devida identificação dos trabalhadores?

Sim, trabalhadores que lutam para sustentar suas famílias e que não podem nem devem ser confundidos com esses bandidos, que usam as motos como ferramentas para o crime.

À identificação dos motoboys, deve seguir uma fiscalização rigorosa e não apenas as blitzen esporádicas, que invariavelmente fazem apenas a alegria dos donos de empresas de guinchos.

O que não se pode é ficar de braços cruzados.

Ou, com cada vez mais freqüência, de mãos ao alto.

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