terça-feira, 9 de junho de 2009

NOTÍCIAS DA NOSSA GUERRA DE CADA DIA

Dados divulgados pela 6ª Coordenadoria de Polícia do Interior (Corpin), revelam que no ano passado aconteceram 128 assassinatos em Itabuna e nas quase vinte cidades em seu entorno, Ilhéus excluída, por se tratar de outra coordenadoria,.

São números alarmantes que colocam Itabuna, proporcionalmente, como uma das cidades mais violentas do país, igualando-a as grandes metrópoles, naquilo que elas tem de pior e mais desumano.

O mais estarrecedor é que desses 128 homicídios, é que 118 (a esmagadora maioria deles, portanto) estão ligados diretamente ao tráfico de drogas.

Os números apenas reforçam aquilo que se percebe no dia a dia, notadamente dos bairros da periferia paupérrima, onde o tráfico se impõe diante da completa ausência do poder público.

Nessa nossa guerra de cada dia, com números que nos igualam à carnificina de guerras como a do Iraque, a droga é a força que impulsiona a violência sem limites. Uma guerra que mistura anjos e demônios, que tem entre suas vítimas, bandidos e gente inocente.

E que tem, entre os ditos bandidos, um subproduto cruel: pessoas, entre elas centenas de crianças e adolescentes, que são arrastadas para o tráfico por absoluta falta de oportunidades.

Na falta de acesso à escola, esporte e mesmo ao mercado de trabalho, esses meninos e meninas se transformam em “soldadinhos do tráfico”, plenamente descartáveis, que vêem na droga a oportunidade de ganho fácil, sem saber, ou mesmo sabendo, que dificilmente chegarão à idade adulta, visto que morrem em confronto com a polícia ou mesmo nas disputadas sangrentas pelos pontos de venda de tóxicos.

Há muito que o tráfico deixou de ser um problema localizado, restrito aos morros cariocas e favelas das grandes capitais do Sul/Sudeste do Brasil, e se espalhou para todas as cidades, de todos os tamanhos, especialmente a partir a escalada avassaladora desta verdadeira praga que é o crack.

O mundo do tráfico forma uma cadeia perversa que inclui roubos de veículos, assaltos, aquisição de armas através do contrabando. E assassinatos, muitos assassinatos, contados às dezenas, centenas.

É triste imaginar que muitas das 118 mortes relacionadas ao tráfico de drogas poderiam ter sido evitadas, fosse dada às crianças e jovens que tombaram nessa guerra insana, uma oportunidade que fosse de seguir outro caminho.

Por que, ao contrário do que pregam os defensores da violência pela violência, na ótica de que um traficante morto é um marginal a menos, ninguém nasce bandido.
Muitos se tornam bandidos pela força as circunstâncias, num circulo vicioso que não para de crescer.

Quando a marginalidade passa a ser o único caminho (e quase sempre um caminho sem volta) é a sociedade quem empurra, pela completa omissão, essas crianças e jovens para o mundo do crime.

E para a morte!

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