segunda-feira, 22 de junho de 2009
A culpa é do mordomo (ou: PAC da Peroba)
Entre os vários comentários emitidos por conta da sugestão, feita neste espaço, no sentido de que, dada a profusão de caras de pau no mundo político, Brasília deveria sediar um ainda hipotético Festival Nacional do Óleo de Peroba, destaco a opinião do empresário Helenilson Chaves, cuja história familiar de empreendedorismo se confunde com a própria história de Itabuna.
Escreveu Helenilson:
“Não seria uma boa atividade plantar peroba? A demanda é extremamente forte. A continuar o relego com a educação, é negar qualquer chance do exercício da cidadania, teremos sempre como representantes consumidores em potencial para tão famoso óleo”.
O empresário está coberto de razão.
Deixemos de lado o PAC do Cacau e vamos partir para o PAC da Peroba.
Em vez de insistir com esse negócio de cacau, inundemos nossas fazendas com pés de peroba.
E, já que não aprendemos mesmo a industrializar o nosso principal produto, limitando-nos a meros fornecedores de matéria-prima para que os outros ganhem dinheiro com a produção de chocolate, que aprendamos a produzir óleo de peroba, aproveitando esse mercado em franca expansão e, pelo que tem se visto ao longo dos séculos, de consumo infinito e ilimitado.
Se alguém ainda tem dúvidas de que o mercado é promissor, vamos ao mais recente exemplo, que não será obviamente o último.
Os jornais de final de semana divulgaram que Amaury de Jesus Machado, que trabalha como mordomo da casa da ex-senadora e atual governadora do Maranhão, Roseana Sarney, guindada ao cargo por conta da cassação de Jackson Lago; é funcionário do Senado.
Pronto. Tinha que aparecer um mordomo na história e ainda por cima com um salário de 12 mil reais. Isso mesmo: mordomo com salário de 12 mil reais por mês.
E a gente ainda fica insistindo com nossos filhos que eles precisam estudar, fazer um curso superior, pós-graduação, mestrado, doutorado, etc.
Voltando ao festival de cara de pau que assola o pais (versão atual do Febeapá, do imortal Stanislaw Ponte Preta, pseudônimo que consagrou Sérgio Porto), Rosena não se deu por vencida. Eis o que ela afirmou:
“Ele é meu afilhado. Fui eu que o trouxe do Maranhão. Ele vai à casa quando preciso, uma duas ou três vezes por semana. É motorista noturno e é do Senado. E lá até ganha bem."
O “e lá até ganha bem...”, que no contexto pode ser traduzido por tem um salariozinho razoável merece hectolitros de peroba. Se é que ainda se encontra o produto nas prateleiras das melhores casas do ramo em Brasília.
Digamos que, imensamente grato por receber um salário de 12 mil reais por mês, o tal mordomo decidiu prestar serviço voluntário na casa de Roseana Sarney..
Como se sabe, esses nossos políticos fazem um sacrifício danado para sobreviver e o mordomo, solidário com a situação, exerceu um ato de benemerência, concedendo à agora governadora maranhense uma pequena mordomia.
Que não se inclua entre essas mordomias, entretanto, deixar os móveis brilhantes e lustrosos.
Por que o óleo de peroba mal dá para suprir a legião de caras de pau!
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