quarta-feira, 13 de maio de 2009

A VOLTA DOS QUE NÃO FORAM


Quem viu o gol de antologia de Nilmar na vitória do Internacional sobre o Corinthians deve ter se perguntado:

-Um craque desse nível não deveria estar jogando na Europa?

Deveria, mas não está;

Nilmar, com seu gol digno de ser assinado por Pelé ou Maradona, é mais um exemplo desta tendência que se acentuou a partir do repatriamento de Ronaldo, que era para ser apenas uma espetacular jogada de marketing, mas acabou produzindo resultados dentro de campo.

Além de Nilmar e Ronaldo, temos Fred, no Fluminense, e Adriano, que acaba de ser incorporado ao Flamengo.

Fala-se, com insistência, no retorno de Ronaldinho Gaucho e de Robinho.

Todos são craques de primeira linha. Os dois Ronaldos ganharam o prêmio de melhor jogador do mundo, pela FIFA, e foram decisivos na conquista da Copa de 2002 pelo Brasil. Nilmar, Fred e Adriano tiverem momentos de brilho na Europa, embora estrelas fugazes em seus times.

É forçoso que se diga, a opção pelo Brasil não é apenas pelo desejo de retornar às origens. Ao contrário do que ocorria há alguns anos, jogadores brasileiros já não são as principais estrelas nos times de primeira linha da Europa.

Na Inglaterra, o português Cristiano Ronaldo é estrela do Manchester United; na Espanha, o argentino Lionel Messi é o gênio incontestável do Barcelona; na Alemanha, o francês Libery comanda o Bayern de Munique. A exceção brasileira é Kaká, que mesmo às voltas com contusões, é o maestro do Milan na Itália.

Ronaldinho Gaucho freqüenta o banco do Milan e não é nem uma pálida sombra do que foi no Barcelona. Robinho, que surgiu no Santos como um novo Pelé, não se firmou no Real Madrid da Espanha e hoje se perde em meio à mediocridade geral do Manchester City, timeco de segunda linha na Inglaterra.

Parte dos jogadores da Seleção Brasileira hoje joga em times da Ucrânia e da Rússia. Outros atuam em times medianos dos grandes centros europeus.

Daí que, entre freqüentar banco ou jogar em equipes que não disputam títulos, vale a pena perder algum dinheiro (ou muito dinheiro no caso de Adriano, mas esse é um caso para a psiquiatria) e jogar no Brasil, onde estão em casa e atuam em times de ponta e de grande torcida, como Flamengo, Corinthians, São Paulo, Fluminense, Internacional, Grêmio, etc.

Já os clubes europeus, na ausência de super-craques brasileiros, preferem mudar o foco e apostar em jogadores das categorias de base, levados daqui ainda na adolescência. É uma aposta de risco, mas pode dar certo. Tanto que, vez por outra, nos deparemos com jogadores brasileiros, completamente desconhecidos, que fazem relativo sucesso na Europa, para então descobrir que nem chegaram a jogar em times nacionais.

De qualquer maneira, para quem se acostumou a um festival de pernas de pau maltratando a bola nos campeonatos brasileiros recentes, é um colírio pode desfrutar desses jogadores que, em meio à mediocridade geral, ainda conseguem produzir obras-primas como as de Nilmar contra o Corinthians e de Ronaldo contra o Santos.

Em terra de cego, que sejam bem vindos mesmo aqueles que têm um olho só.

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