sexta-feira, 1 de maio de 2009

O ano do porco

No último século o mundo experimentou avanços tecnológicos especulares, como se até ali a humanidade caminhasse a passos lentos e num passe de mágica, passou a caminhar na velocidade da luz.

Tudo bem é apenas força de expressão, porque mágica não combina com ciência.

É possível dizer que em apenas um século, o planeta avançou o equivalente a vários milênios em nível de tecnologia.

Avanços que tornaram a vida mais fácil e prática, que descobriram o tratamento e a cura para doenças antes fatais, que transformaram o mundo numa aldeia global.

Não há como negar, portanto, os benefícios da tecnologia.

Mas será mesmo que a vida se tornou mais fácil e mais prática?

Que os avanços da medicina resultam em qualidade de vida ou que a aldeia global também significa inclusão social.

Nesse caso, a resposta é: não.

Em que pesem os avanços da tecnologia, ainda somos obrigados a conviver com um planeta extremamente desigual, onde uns poucos tem acesso à tudo e a maioria não tem acesso à nada. Ou tem acesso apenas às migalhas.

Um mundo dividido por um muro virtual/real que separa os poucos muito ricos dos muitos muito pobres.

Um mundo em que apesar dos conhecimentos adquiridos, o homem é cada dia mais predador da natureza, utilizando os recursos naturais como se eles fossem infinitos. E eles não são.

Paradoxalmente, a impressão que se tem é de que quando mais o homem parece avançar mais ele recua.

Como se avançasse para fechar um ciclo, já que a devastação ensandecida fatalmente vai levar ao esgotamento do planeta e, por extensão, da humanidade.

Essas observações vêm a propósito diante da mais recente ameaça à saúde da população, que atende pelo curioso nome de “gripe suína”.

Uma doença surgida no México e que em poucos dias se espalhou pelo mundo, na mesma velocidade da tecnologia. Do México para os Estados Unidos, de lá para o Canadá, para a América do Sul, a Europa, a Ásia, a Oceania, a África.

Uma reles gripe, mas de efeito mortal, prestes a se tornar uma pandemia de proporções bíblicas, embora, com justa razão, a própria Organização Mundial de Saúde, embora alerte para a gravidade do problema, faz o possível para evitar um clima de pânico entre a população.

É um contra-senso que em meio aos avanços tecnológicos, o homem tenha sua vida ameaçada por uma doença aparentemente banal. Que nem a mais avançada das tecnologias ainda se mostre incapaz de conter doenças aparentemente banais, controlando-as no nascedouro.

A gripe suína e outras doenças de escala mundial, as grandes variações climáticas e as catástrofes naturais que se repetem não seriam um sinal de alerta?
Não de um profeta, seja ele falso e verdadeiro, mas de um planeta que clama aos seus filhos dotados de inteligência (?), para ser repensado.

Enquanto ainda é tempo...

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