Os resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) divulgados pelo MEC trazem números alarmantes, mas não embutem nenhuma novidade.
Infelizmente.
O que se observa, a partir dos dados do Enem, é que o nível da educação brasileira, apesar dos esforços governamentais verificados especialmente na última década, continua baixíssimo. Inacreditáveis 74,3% das escolas brasileiras apresentaram nota abaixo da média, que é de 50,52 pelos critérios do MEC.
Isso significa que praticamente 2/3 das escolas são reprovadas, oferecem um ensino que não ensina, se é que isso seja possível.
Nesse grupo, estão incluídas as escolas públicas e privadas.
Quando se faz a separação, apresenta-se diante de nós o imenso e intransponível fosso que separa os que podem e os que não podem pagar para ter uma educação de qualidade.
O Enem revela que apenas 8% das escolas públicas estão entre as melhores do país. É muito pouco e é também um retrato cruel do nível (ou da falta dele) no ensino público, que pode até estar se universalizando, mas continua capenga.
Estatisticamente, é confortador saber que quase todas as nossas crianças têm acesso à escola.
Mas, ao mesmo tempo é decepcionante constatar que estar na escola não significa necessariamente aprender.
As escolas públicas de alto nível são exceções, quando deveriam ser regra.
São exibidas pela publicidade federal, estadual e municipal com “jóias”, mas são raras e, portanto, inacessíveis à esmagadora maioria dos estudantes.
Essa diferença brutal entre a escola pública e a escola particular, resulta num sistema perverso: praticamente só entra na universidade pública, notadamente os cursos mais disputados e com maior potencial de acesso ao mercado de trabalho, o aluno oriundo do ensino privado.
Ao aluno da rede pública restam -e aí se dá a inversão de prioridades- as faculdades particulares, impondo aos estudantes e/ou seus pais, imensos sacrifícios para pagar as mensalidades.
Tudo bem, existe hoje o sistema de cotas, mas trata-se de um paliativo. Como se a exclusão social pudesse ser reduzida dessa maneira. Não pode.
As cotas têm lá sua validade, mas não é esse o caminho.
O caminho, e ele existe, é promover a inclusão social através da educação de qualidade.
Implica em mudança de mentalidade, em políticas públicas eficazes, em investimentos pesados. Mas, é a única maneira de evitar que nossas escolas sejam apenas espaços físicos muitas vezes mambembes, onde finge-se que ensina e finge-se que aprende.
O que não dá para fingir, até porque os números estão aí para desmentir, é que temos um sistema educacional capaz de levar o Brasil e os brasileiros a um estágio de desenvolvimento que resulte em qualidade de vida.
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