O Bolsa Família é um dos principais, senão o principal programa de transferência de renda do Governo Federal. Graças a esse programa, milhões de famílias romperam a barreira da miséria e da exclusão social e passaram a levar uma vida menos sofrida.
Trata-se obviamente de um programa assistencialista, um paliativo, quando o desejável seria gerar empregos para que todos pudessem ter acesso ao mercado de trabalho, sem depender da benemerência oficial.
Mas, na conjuntura de um Brasil desigual ao longo dos séculos e séculos amém, o Bolsa Família é mais do que necessário, é imprescindível.
As pessoas necessitadas que integram o programa sabem o quanto é importante receber recursos que ajudam no reforço alimentar, na compra de roupas, remédios, material escolar. E reconhecem a validade do Bolsa Família, a ponto do presidente Lula ser tratado com quase idolatria justamente pelas camadas mais pobres da população.
Em algumas das mais paupérrimas regiões do Norte/Nordeste, onde o Bolsa Família é a maior fonte de renda, não é raro ver fotos de Lula ao lado do indefectível Padim Ciço, como se fosse uma espécie de divindade a zelar pelos mais pobres.
Mas, nem um programa bem intencionado como o Bolsa Família está a salvo da malandragem, da onda de picaretagem que assola esse país.
Recentemente, descobriu-se que Eurico Siqueira da Rosa, coordenador do Bolsa Família no município de Antonio João, no Mato Grosso do Sul, cadastrou o próprio gato, chamado Billy, como beneficiário do programa.
Billy foi inscrito com o sobrenome de seu dono, virou Billy Siqueira da Rosa, possuía número de identificação social, cartão magnético e vinha recebendo R$ 20 mensais do Governo Federal como complementação de renda.
Quando a gatunagem foi descoberta, o gatuno perdeu o emprego e o gato voltou a caçar ratos para reforçar a alimentação.
O gato foi pego com a pata no cartão do Bolsa Família, mas a gatunagem é uma prática difícil de conter.
Uma auditoria do Tribunal de Contas da União realizada nos programas sociais do Governo Federal, revelou que mais de 40 mil candidatos às eleições de 2006 e 2008 eram beneficiários do programa Bolsa-Família.
O TCU pegou os gatunos com a mão grande no dinheiro destinado à combater a pobreza ao fazer o cruzamento dos CPFs dos candidatos registrados na Justiça Eleitoral com os dos beneficiados pelo programa.
Não foi apurado quantos desses candidatos a grandes gatunos foram eleitos, mas não é de todo equivocado imaginar que a maior parte deles, a partir da posse, tratou de dar um jeitinho de aumentar a rapinagem nos cofres públicos.
Afinal, quem rouba uma bolsa (ainda por cima uma Bolsa Família!), assalta um bolso e por aí vai, numa escala que começa numa modesta câmara municipal ou prefeitura perdidas nos rincões poeirentos do Brasil e vai terminar lá nos gabinetes refrigerados de Brasília.
Nessa roubalheira sem limites, o povo é quem paga o gato, quer dizer, o pato.
Ou melhor, paga o gato, o pato e esse bando de sem-vergonhas!
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