quinta-feira, 9 de abril de 2009

OS VERDADEIROS OVOS DE OURO



Apesar da tão propalada crise, cerca de 130 milhões de ovos de chocolate serão comercializados durante a Páscoa, um crescimento de 8% em relação a 2008.

Deveria ser motivo de foguetório no Sul da Bahia, principal produtora de cacau do país.

Mas não há motivo para foguetório algum, visto que a região é apenas produtora de cacau e não de chocolate. É mera fornecedora de matéria prima, como se ainda habitássemos no Brasil Colônia.

Os números falam por si. Enquanto o mercado de cacau em amêndoa movimenta 300milhões de reais por ano no Brasil, o mercado de chocolate atinge 4 bilhões de reais. Uma diferença brutal, impressionante. Os fabricantes faturam 13 vezes mais do que os produtores.

Estados como São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, que não possuem um mísero pé de cacau, tem fábricas de chocolate de médio e grande porte, sem contar as empresas artesanais, que produzem chocolates finos, a preços de dar água na boca para quem vende a amêndoa a preço de banana.

Aqui no Sul da Bahia, a produção de chocolate é ínfima, insignificante. O Chocolate Caseiro de Ilhéus é uma experiência bem sucedida, mas isolada. Um nada dentro do nada, se comparado à produção nacional.

O aumento do consumo de chocolate, durante todo o ano e não apenas na Páscoa, é uma tendência mundial. Mais consumo, mais demanda, mais negócios, mais renda, mais
emprego.

Enquanto isso, o Sul da Bahia continua sua sina de plantar, colher e entregar para outras regiões industrializarem, num ciclo vicioso que perdura há décadas, como se isso nos bastasse. A realidade atual mostra que não nos basta.

É tão óbvio, que não se entende porque a Região Cacaueira não adotou um projeto de produção de chocolate, absorvendo uma fatia significativa desse mercado que não para de crescer.

A Ceplac desenvolveu recentemente uma tecnologia para a produção de chocolate com alto teor de cacau. Verdadeiro manjar dos deuses, mas essa tecnologia ainda não conseguiu romper os muros da instituição, ainda que o PAC do Cacau tenha entre suas ações a instalação de 20 fábricas de chocolate. Algo que, infelizmente, ainda não saiu do campo das boas intenções.

Temos o apelo de região produtora do cacau de melhor qualidade do mundo, de ter em Jorge Amado um ícone de primeira linha e de preservar, graças próprio cacau, uma das áreas remanescentes de Mata Atlântica do país.

Falta, portanto, iniciativa, espírito empreendedor e apoio governamental para fazer com que o Sul da Bahia deixe de ser apenas produtor de matéria prima e possa fabricar chocolate.

Nos iludimos tanto com um fruto que parecia ser de ouro e não é e esquecemos de ovos que parecem valer ouro.

E valem mesmo!


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Pesquisa de mercado realizada pelo Ibope mostrou que Salvador é a capital brasileira com maior consumo de chocolate do país. 75% dos entrevistados revelam consumir chocolate ao menos uma vez por semana.

Ótima notícia.

Para os paulistas, gaúchos, capixabas...

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