terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

BARES TAMBÉM MORREM


É incrível como os bares e botecos decentes de Itabuna somem sem que mal dê tempo de pedir a próxima dose. Eles abrem, enchem de gente, viram ´ponto da moda` e depois fecham as portas.

A mais recente vítima dessa sina é o Acarajé Point, que apesar do nome meio babaca, tinha um ambiente legal e, melhor ainda, um chopp muito bem tirado, com o colarinho na medida certa.

O local era uma opção e tanto pra quem não agüenta aquele ambiente impessoal do shopping, ainda mais que lá o chopp é servido em copos de plástico, uma heresia pra qualquer bebedor que se preze.

O Tabocas, que se propunha a ser um espaço diferenciado, já está no segundo dono e tomara que acerte a mão.

Existem bares que escapam da morte súbita e resistem ao tempo. Casos notórios do Parlamento e do Katiquero, que viraram o século e o milênio, e o Codornas. São estabelecimentos respeitáveis, onde conta muito a presença dos donos, sempre solícitos para agradar os clientes e garantir a qualidade do atendimento. Existem outros, com certeza, mas em matéria de quilometragem boêmia, minha corda chega às bordas do Pontalzinho. E olha lá.

Já que o assunto é velório de boteco, faço aqui duas merecidas homenagens póstumas.

Uma ao Latin Bar, que lá pelos idos de 1995/1996 ocupava o espaço onde hoje é uma loja de bijouterias na rua Adolfo Maron, centro de Itabuna. O dono se chamava Jorge (que a depender dos hectolitros bebidos a gente chamava ora de Chileno ora de Cubano), sujeito meio mal humorado, mas que vendia um chopp digno de se beber de joelhos. O melhor que já bebi nesse meu quarto de século em Itabuna.

Outra homenagem póstuma é ao bar do “seu” Pedra, uma portinhola na entrada no Pontalzinho, que nem nome (e nem banheiro) tinha. “Seu Pedra”, que já fechou as portas da existência (que maneira poética de dizer que o sujeito morreu!), era igualmente mal humorado, mas servia uma batatinha em conserva divina e uma cerveja gelada que fazia a gente esgotar o estoque de Skol, Brahma, Antarctica e o que aparecesse pela frente. De vez em quando rolava uma cachacinha honesta. Mas só de vez em quando, porque “seu” Pedra achava, com razão, que quem bebe cachaça demais, bebe cerveja de menos.

Bares que morrem, bares que sobrevivem.

Bebamos, pois (moderamente, concedo!) enquanto vivos estamos.

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PS- Antes que Luiz Conceição, Marival Guedes e Walmir Rosário, companheiros de copo e de aventuras e desventuras no jornalismo, me cobrem, faço a devida correção: entre os bares e botecos longevos há que se incluir obrigatoriamente o ABC da Noite, do legendário Caboclo Alencar.
Ao imperdoável lapso dêem-me o desconto de que o ABC da Noite, com suas batidas de antologia, não é propriamente um bar, mas uma verdadeira Instituição.

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