quinta-feira, 3 de julho de 2008

Por amor a Itabuna, façam diferente

Embora a propaganda gratuita no rádio e na televisão, considerada decisiva para alavancar ou sepultar candidaturas, só comece na segunda quinzena de agosto, a partir da próximo semana as campanhas eleitorais ganharão um novo impulso, com a permissão para a utilização de carros de som, pintura de muros, colocação de adesivos e manifestações de rua como caminhadas e carreatas.
Campanhas eleitorais em Itabuna, como até as pedras do cada vez mais poluído Rio Cachoeira sabem, sempre foram sinônimos de empolgação, com caminhadas que reúnem milhares de pessoas na avenida do Cinqüentenário e nos bairros, e de uma disputa ferrenha, que muitas vezes descamba para entreveros e, não raro, para as baixarias, com xingamentos e folhetos apócrifos de parte a parte.
Nas duas últimas décadas, com a política praticamente centrada em duas figuras, Geraldo Simões e Fernando Gomes, a disputa se tornou ainda mais acirrada. Alguns fernandistas e geraldistas não se contentavam apenas em serem adversários políticos, natural num regime democrático, mas se comportavam como inimigos.
Em épocas de campanha, o que era disputa eleitoral se transformava em guerra, com a utilização de todas as armas disponíveis.
Essa divisão acabava se refletindo na própria administração, como se o fato de alguém ter votado em Fernando ou Geraldo o transformasse numa espécie de "não cidadão", a depender de quem ganhou e quem perdeu a eleição.
Condenável, mas parecia fazer parte do jogo. Uma regra não escrita, mas encarada com normalidade, como se campanha sem agressões de parte a parte, sem os folhetos apócrifos que tornam mãe de juiz de futebol uma santa de altar, não valesse ou não tivesse graça.
Agora, vive-se uma situação inédita em vinte anos.
Geraldo e Fernando não são candidatos e novos nomes estão colocados à disposição do eleitorado, como Juçara Feitosa, Capitão Fábio, Capitão Azevedo, José Adervan, Roberto Barbosa e Edson Dantas (os dois últimos ainda a depender de negociações que se estenderão até os 48 minutos do segundo tempo, à prorrogação ou possivelmente aos pênaltis).
Será, sem dúvidas, uma campanha menos apaixonante, visto que nenhum dos candidatos ainda desperta tanta fidelidade quanto a dispensada por uma parcela considerável do eleitorado a Geraldo e Fernando.
Mas será, também, uma excelente oportunidade para estabelecer uma campanha focada no debate, na discussão das propostas de governo, na conquista do voto sem recorrer a expedientes nada ortodoxos.
O mito de que o eleitor gosta de uma baixaria não passa disso mesmo: um mito!
Como todos os candidatos, embora conhecidos, são novidade para o eleitorado, seria de bom alvitre gastar tempo e energia mostrando quem tem o melhor projeto para uma cidade prestes a completar 100 anos, uma metrópole que por sua grandeza e importância dispensa métodos que não caem bem nem em disputas ferrenhas em localidades mulambentas que nem aparecem no mapa.
Pode parecer ingenuidade, excesso de purismo, coisa de quem acredita em papai noel, cegonha, saci pererê, mula sem cabeça e quetais.
O fato é que, apropriando-se do slogan de campanha de dois dos principais candidatos a prefeito, é o caso de sugerir:
-Por amor a Itabuna, façam diferente.

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