terça-feira, 3 de junho de 2008

A vida como ela é

No livro “Stalin”, uma alentada biografia de dois volumes sobre o ditador russo Josef Stalin, o escritor Dmitri Volkogonov mostra como, a despeito de viver sob um regime sanguinário que torturava e matava inimigos reais e imaginários e impunha privações terríveis, o povo não reagia e, ao contrário, achava que a vida estava melhor.
Sufocados pelo terror e manipulados por uma irresistível máquina de propaganda, os russos, num misto de medo e ilusão, demoraram décadas para descobrir o tirano que se escondia por trás da máscara do “ Líder Genial dos Povos”, entre outros epitetos que elevaram o culto à personalidade a níveis insuperáveis.
Até hoje, com o regime comunista reduzido a pó, ainda há os que sentem saudades dos ´bons tempos` do camarada Stalin.
Guardadas as devidas e necessárias proporções, é mais ou menos o que está ocorrendo na Bahia.
Durante duas décadas, o Estado viveu sob o comando de um grupo político, o carlismo, que combinou perseguição aos adversários, concessão de beneficios a uma pequena casta e propaganda maciça aliada ao controle total dos veículos de comunicação, o que significava a glorificação do grande líder e a exaltação de sua obra, transformando a Bahia numa pretensa ilha de prosperidade e bem estar social.
Na prática, ocorria justamente o contrário. O estado ostentava índices de saúde, educação, desemprego, violência e exclusão similares a de miseráveis países africanos. Os eventuais avanços econômicos -e seria injusto negá-los- se limitavam à Região Metropolitana e a um ou outro polo isolado.
O povo ficava com as migalhas mas ainda assim tendia a achar que a vida era boa.
Em 2006, na esteira da popularidade do presidente Lula, respaldada por uma representativa e até então inédita união de partidos progressistas, Jaques Wagner elegeu-se governador da Bahia já no primeiro turno, impondo ao carlismo a maior de todas as suas derrotas
Não houve apenas uma mudança de governo, mas de paradigma.
A transparência, até então inexistente, passou a ser realidade e a sociedade organizada passou a ter voz e vez na definição de políticas públicas, através da realização de fóruns regionais com expressiva participação popular.
A centralização, que tantos males causou ao Interior, está sendo substituída pela criação de pólos regionais de desenvolvimento, aproveitando-se as potencialidades de cada região.
No Sul da Bahia, por exemplo, o PAC do Cacau, que terá recursos de R$ 2,5 bilhões, além de equacionar as dívidas dos produtores rurais e possibilitar a obtenção de novos créditos, vai investir na retomada da produção de cacau de alto rendimento e resistente a doenças, em programas de diversificação como seringueira, pupunha, dendê, etc; e na agroindústria, fazendo com que a região deixe de ser apenas produtora de matéria prima.
Além disso, estão sendo implantadas obras importantes como o Porto Sul e o Gasoduto da Petrobrás, que darão um novo impulso à economia regional, após décadas de abandono.
A parceria Governo Federal/Governo da Bahia deixou de ser apenas retórica e aí está o Plano de Aceleração do Crescimento, com ações em todo o Estado.
Fiel a seu estilo, Wagner não é de prometer o que não pode cumprir nem vender o que não pode entregar. Não é dado -e isso é uma outra marca saudável de seu governo- a pirotecnias que a curto prazo podem até render dividendos eleitorais, mas que não passam de embuste.
Os avanços de sua administração são visíveis e expressivos, ainda que não haja mágica que conserte em pouco mais de um ano, distorções sedimentadas em duas décadas. É um longo caminho, que está sendo percorrido a passos seguros e decididos.
Os arautos do caos, curiosamente os mesmos que funcionaram como operadores de um sistema perverso e excludente, estão com as garras afiadas, aproveitando-se das armas disponíveis para tentar desqualificar Wagner e seu governo.
Faz parte do jogo, admita-se, e o papel da oposição é esse mesmo.
Mas a História, e outra vez recorramos à Stalin, mostra que por linhas tortas ou retas, a verdade sempre aparece, assim como os pés de barro de deuses que se julgavam eternos e dos seguidores que tentam perpetuar seus métodos de ação.

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