quarta-feira, 4 de maio de 2011

E SE FOSSE UM TSUNAMI?


Os gestores públicos de Ilhéus e Itabuna não podem alegar surpresa diante dos estragos causados pelas chuvas nas duas cidades.

Não tivemos aqui um terremoto, maremoto ou tsunami, tragédias naturais que o homem ainda não consegue prever com margem de segurança.

O que tivemos no eixo Ilhéus-Itabuna foram fatos previsíveis com resultados igualmente previsíveis.

Desde os tempos imemoriais em que o glorioso Vasco da Gama conseguia vencer o não menos glorioso Flamengo numa decisão de campeonato, sabe-se que quando chove torrencialmente, os alagamentos são comuns em Itabuna em Ilhéus.

Em Ilhéus, há o agravante dos deslizamentos de morros, que colocam centenas de vidas em risco e em Itabuna as cheias do rio Cachoeira costumam produzir uma legião de desabrigados, por conta das águas que invadem localidades ribeirinhas.

São sempre as mesmas cenas, repetidas como um filme velho, de enredo conhecido.

Em sendo assim, se os efeitos são conhecidos, porque não se combatem as causas?

A resposta é simples: não existem políticas públicas para a prevenção de enchentes e deslizamentos mais do que previsíveis.

O que existe são projetos, que vão parar numa gaveta obscura tão logo o período de chuvas se encerre e os estragos e as vítimas desapareçam do noticiário.

Os alagamentos nas áreas centrais e em alguns bairros de Itabuna e Ilhéus seriam minimizados com uma ação simplória e que deveria ser rotineira (mas não é), como a limpeza das bocas de lobo.

Administrações que não cuidam de coisas banais como essas, obviamente, não vão cuidar de projetos mais complexos, como a contenção de encostas e construção de habitações para famílias que sobrevivem em áreas de risco.

As vítimas, quase sempre pessoas humildes, que se danem para reconstruir suas vidas, reconquistar o que não raro foi adquirido à custa de enormes sacrifícios.

Entra ano, sai ano e é sempre a mesma coisa.

Clamar por ações efetivas, diante de tanto descaso, é como chover no molhado.

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