sábado, 9 de abril de 2011

Várias andorinhas fazem uma cidade melhor


É clássica a história da andorinha, que em meio a um infernal incêndio na floresta vai seguidas vezes ao rio, enche o bico de água e tenta apagar o fogaréu.
Ao notar a cena inusitada, a raposa faz troça da pobre andorinha:
-Você acredita mesmo que pode apagar o incêndio com esse pinguinho de água?
E a andorinha responde, despejando gotas de sabedoria:
-Pelo menos estou fazendo a minha parte.

Fazer a nossa parte. Talvez esteja faltando à maioria dos nossos cidadãos o chamado “espírito de andorinha”.

Somos useiros e vezeiros em reclamar, sem uma boa dose de razão, da ineficiência do poder público, do descaso com a saúde, do abandono dos bairros, da falta de projetos para os jovens, do transporte coletivo capenga e caro e do inchaço da máquina administrativa por conta dessa praga que é o apadrinhamento político.

Essas mazelas fazem parte da realidade da cidade e não podem nem devem ser mascaradas. Itabuna esta longe de ser a cidade com a qual todos nós sonhamos.

Mas, que tal se além das reclamações justas e habituais, começássemos a fazer a nossa parte.

E a parte que nos toca nessa floresta em chamas é simples, mas de efeitos práticos caso não se resuma a uma ou duas pessoas, mas faça parte de um envolvimento coletivo.

Reclamamos da coleta de lixo, mas quantas vezes não depositamos o lixo em horários diferentes do que o carro passa ou simplesmente jogamos o lixo na rua, terrenos baldios e, pior, às margens do já castigado Rio Cachoeira?

Deixamos o entulho se acumular em vias públicas, transformamos a nossa principal via comercial, a avenida do Cinqüentenário em depósito de lixo e nem nos damos ao trabalho de retirar o mato que eventualmente cresce em nossas calçadas.

Gastamos milhares de litros de água lavando o carro e a calçada, enquanto o produto falta nos bairros mais carentes.

E o que dizer da dengue? Por mais que existam campanhas educativas e por mais riscos de morte que a doença ofereça, deixamos de lado cuidados básicos como tampar as caixas dágua, esvaziar garrafas e outros recipientes, descartar pneus velhos que acumulam água e usar areia nos bairros.

A dengue é o exemplo clássico dessa mania de jogar nas costas do poder público todas as responsabilidades, quando nós, ainda que modestamente, podemos fazer a nossa parte.

Uma andorinha só não faz verão nem apaga o incêndio na floresta.

Várias andorinhas cidadãs podem fazer uma cidade melhor.

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