quinta-feira, 24 de março de 2011

Águas de Março


Itabuna e Ilhéus sentem os impactos das chamadas águas de março, que levam o verão e trazem problemas em localidades onde a falta de infra-estrutura e ausência total de planejamento, sem contar os cuidados mais simples, criam áreas de risco para os moradores.

No caso de Itabuna e Ilhéus, a ocupação desenfreada e não raro irregular de morros e locais sem qualquer estrutura urbana se deu especialmente a partir do final da década de 80, quando milhares de famílias expulsas do meio rural por conta do desemprego em massa gerado pela vassoura-de-bruxa migraram para as duas cidades.

Naquele tempo, já não havia mais qualquer ilusão quanto a um eventual Eldorado Paulista, destino natural de milhões de nordestinos, que na primeira metade do século passado partiam em busca de uma vida melhor, que nem sempre encontravam.

A crise gerada pela vassoura-de-bruxa empurrou essas famílias para Ilhéus e Itabuna. Sem recursos, a saída foi a ocupação e morros e mangues ilheenses e da periferia itabunense.

Criaram-se, então, não apenas bolsões de miséria (relativamente reduzidos pelas políticas sociais do Governo Federal), mas também áreas expostas às intempéries da natureza.

Quando chove com maior intensidade, ocorrem os deslizamentos e a destruição de moradias quase sempre precárias. Vidas se perdem, como ocorreu recentemente em Itabuna. Quem mora nos morros, sabe que pode perder tudo a qualquer momento, mas ainda assim se recusa a sair.

Um problema crônico de falta de planejamento que, dada a situação, só se resolve com a execução de obras de contenção de encostas ou, nas situações mais extremas, a remoção dessas famílias para conjuntos habitacionais.

Isso demanda em investimentos elevados, dois quais os municípios não dispõe de recursos.

No caso dos alagamentos, salvo nas chuvas torrenciais, que não ocorreram até agora, o que falta mesmo é cuidado básico, simples e barato, como a limpeza das bocas de lobo. Isso não demanda tanto recurso, mas um mínimo que seja de vontade de trabalhar e realizar o trabalho preventivo.

A limpeza das bocas de lobo evitaria os alagamentos registrados no centro de Itabuna e Ilhéus, trazendo transtornos para motoristas, lojistas e a população em geral.


Aqui, não se pode imputar a culpa à natureza.

É descaso mesmo.

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