quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

O fim da estrada de tijolos dourados


Ronaldo, que um dia foi merecidamente chamado de Fenômeno, foi contratado pelo Corinthians como mera estratégia de marketing. Um quase ex-jogador em atividade, que passou por contusões terríveis e que levava uma vida nada condizente com a de um atleta profissional, seria mais uma chamariz para atrair patrocinadores, como de fato atraiu.

Ocorre que, contra quase todos os prognósticos, ao vestir a camisa do Corinthians, Ronaldo ousou jogar de verdade, com o que restava de seu maravilhoso talento fazendo a diferença num futebol em que os craques em seu esplendor brilham na Europa.

Com seus gols e seus momentos de brilho, Ronaldo ajudou o Corinthians a ganhar o Campeonato Paulista e a Copa do Brasil. A estrada de tijolos dourados parecia infinita. Ronaldo não percebeu, mas era um muro.

Aquele era seu limite de fênix tantas vezes renascida.

Ao bater no muro e insistir em continuar, Ronaldo fez uma Copa Libertadores medíocre, coma eliminação precoce do Corinthians e dois campeonatos brasileiros meia-boca, passando mais tempo no departamento médico do que em campo.

Saiu das páginas esportivas para o noticiário mundano, com suas farras monumentais e a barriga que nem as camisas GGGGGG conseguiam esconder.

Era cruel, mas quando entrava em campo, seu time parecia jogar com dez jogadores e o adversário com doze.

Rico até a quinta geração, Ronaldo não depende do futebol. Mas, existem contratos publicitários, obrigações com empresas e a necessidade, inútil para ele, de provar que ainda pode jogar futebol.

Não pode, pelo menos o futebol de menos técnica e de mais correria que se pratica hoje.

E se havia alguma dúvida de que a estrada de tijolos dourados perdeu o brilho, ela se esvaiu na vergonhosa eliminação do Corinthians ainda na fase de pré-Libertadores, diante do colombiano Tolima, time marca bufa, que de seu ao luxo de empatar em 0x0 no Brasil e vencer por 2x0 na Colômbia.

Nesses dois jogos, Ronaldo foi apenas uma caricatura de si mesmo. Gordo, mal posicionado, errando passes fáceis, arriscando poucos chutes.

Ronaldo poderia ter parado após seu derradeiro renascimento, eternizado ao ganhar a Copa do Brasil e o Campeonato Paulista.

Quis, na ambição desmedida, romper os limites humanos.

Os deuses da bola não o perdoaram.

Melancólica a manchete de um jornal colombiano após a vitória do Tolima sobre o Corinthians:

-Livramos a Libertadores de um Gordo.

Ronaldo não merecia isso, mas paradoxalmente, fez por merecer.

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