terça-feira, 11 de janeiro de 2011
Jaca, caranguejo e mosquito
Nos tempos de antanho a rivalidade entre Itabuna e Ilhéus tinha como ponto forte o futebol, além de outros tipos de disputa, como o fato de que se uma cidade tinha aeroporto a outra também deveria ter e a constatação de que, para evitar ciumeiras, instituições como a Ceplac e a Uesc foram estrategicamente implantadas entre os dois municípios.
Hoje o futebol praticado por essas plagas não é nem uma pálida sombra do passado. O Colo Colo luta para se manter na 1ª. Divisão e o Itabuna nem isso, mergulhado que está no pântano da 2ª. Divisão. A situação chegou a um ponto em que o Itabuna cedeu o seu nome e sua camisa para que um time mulambento dos confins do Maranhão disputasse a Copa São Paulo de Futebol Junior.
A crise na lavoura cacaueira, que afetou diretamente as duas cidades, jogou eventuais rivalidades para a categoria lenda e reforçou a necessidade de que eles interajam, dentro das potencialidades econômicas de cada uma.
Ilhéus com o turismo, o pólo de informática e brevemente os negócios alavancados pelo Porto Sul e pela Ferrovia Oeste Leste. Itabuna com o comercia, a prestação de serviços e lazer e o pólo educacional.
Há em curso, entretanto, uma disputa inglória.
Ilhéus e Itabuna estão disputando um hipotético campeonato brasileiro de incidência de dengue. No quesito infestação, ambas estão entre os 20 municípios brasileiros com os índices mais elevados. Itabuna, por sinal, ostenta o vergonhoso título de tri-campeã nacional de casos de dengue, em 2008, 2009 e 2010. A julgar pelos dados do Ministério da Saúde, o aedes aegypt ameaça garantir o tetra, ainda que à custa de milhares de doentes e o risco de mortes que passam das dezenas.
A falta de prevenção, tanto por parte da população quanto das autoridades, é visível em Ilhéus e Itabuna e a chegada do verão só agrava o problema.
Quando a epidemia estoura, correm-se atrás de medidas paliativas e gastam-se fortunas com o tratamento, quando o mais lógico (e o mais barato) seria investir em ações preventivas, ao longo de todo o ano e não apenas no verão.
Não seria a hora de ressuscitar a velha rivalidade, no sentido de saber qual a cidade mais competente no combate à dengue?
Dessa vez, a disputa não seria pelo título, mas para ficar bem longe dessa taça simbólica e ao mesmo tempo vergonhosa.
Mandemos, pois, para bem longe, a Taça Mosquito da Dengue!
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