segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

A 25ª. vítima e a luz da lua iluminando sangue


No céu, começava a surgir a lua cheia, “lua de namorados” como se chamava em tempos mais românticos.

De mãos dadas, os adolescentes Josenil Jesus dos Anjos Filho e L.J.L, ambos de 17 anos, caminhavam por uma rua da periferia de Itabuna, no idílio da paixão recém-descoberta.

Josenil acabara de apresentar a namorada ao pai, o sindicalista Josenil de Jesus, e estava visivelmente feliz.

Mas, no meio do caminho entre o casalzinho de mãos dadas, sob uma lua de namorados, a poesia do momento deu lugar à violência de todos os momentos.

Josenil Filho foi atingido com quatro tiros e morreu na hora. L.J.L. foi atingida nas costas e nas pernas, mas está fora de perigoso. Sobreviveu.

Informações obtidas pela polícia revelam que o crime foi cometido por um sujeito conhecido como Ademir, ex-namorado da adolescente. A motivação, portanto, seria o ciúme.

Motivações a parte, o dado concreto e alarmante é que Josenil Jesus dos Anjos Filho é tornou a 25ª. vítima de assassinato em Itabuna neste início de 2011, o mais sangrento que se tem notícia na história recente do município.

25 homicídios!

Verdadeiro absurdo, que deveria provocar uma ampla mobilização da sociedade organizada mas que, quando muito, provoca uma indignação passageira.

A morte, brutal e injustificada, parece estar à espreita, em cada rua, cada esquina, cada praça dessa cidade em seus 100 anos de solidão e de abandono.

Mata-se por um telefone celular, por uma dívida de droga, por ciúmes.

Mata-se por qualquer motivo e mata-se sem motivo algum.


As pessoas parecem paralisadas diante do medo e impotentes diante do avanço assustador da criminalidade.

E essa sensação de impotência só favorece a bandidagem, nessa seqüência macabra de crimes rotineiros e assassinatos em série.

A lua que deveria iluminar casais enamorados agora reflete o sangue dos que tombam, inocentes, nessa guerra cotidiana.

Não há poesia, nem cidadão, que resista a tanta brutalidade.

Basta.

Definitivamente, basta de tanta violência.

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