quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Osasco/SP-Natal/RN (Itabuna/BA-Caruaru/PE)


Era noite de sábado para domingo, quando um ônibus da pertencente à empresa Transporte Central do Brasil seguia pela rodovia BR 101.

O trajeto da viagem indicava que o ônibus seguia de Osasco, cidade de quase um milhão de habitantes encravada na Grande São Paulo, para Natal, a tranqüila capital do Rio Grande do Norte.

Mas, no interior do ônibus, havia algo que indicava algo estranho nesse “trajeto oficial”: a maior parte dos passageiros não veio de Osasco nem se dirigia para Natal.

Eram sacoleiros de Itabuna e cidades vizinhas, que iam para Caruaru, em Pernambuco, meca do comércio popular do Nordeste.

Gente que ia fazer compras em quantidade, para revender e ganhar um dinheiro extra para complementar o orçamento e aproveitar as festas de Natal e Ano Novo.

A estranheza do trajeto apontado na parte frontal do ônibus, que leva a crer que a viagem, se não era clandestina, tinha um destino diferente do pretensamente autorizado, torna-se apenas um detalhe do que aconteceu com os passageiros.

E o que aconteceu com os passageiros, como já é do conhecimento de todos, foi mais um acidente em grande escala que cobre de sangue as rodovias brasileiras.

Numa curva nas proximidades do distrito de Itamarati, no Sul da Bahia, o motorista reserva do ônibus tentou desviar de um caminhão, perdeu a direção do veículo e, em vez do asfalto, encontrou o vazio.

O ônibus caiu numa ribanceira de cerca de 150 metros e capotou várias vezes. Em meio às ferragens, 8 mortos (seis mulheres e dois homens) e 40 feridos.

Estava consumada a tragédia, o sonho de Natal que virou.

40 feridos e 8 vitimas fatais, nessa brutalidade não raro gerada pela imprudência e por uma fiscalização que, a depender da generosidade do ´motorista-papai noel´ fecha os olhos para todo o tipo de irregularidade, a ponto de transformar uma viagem Itabuna-Caruaru numa viagem Osasco-Natal, espécie de “ônibus fantasma” que ceifou vidas preciosas.

Pode ter sido uma fatalidade, mas há no ar um forte cheiro de irresponsabilidade.

Que se apure em que condições esse ônibus circulava e que, se necessário, seja feita justiça.

Não traz os mortos de volta, mas pode impedir que veículos em situação irregular continuem espalhando vítimas pelas estradas, gerando um infeliz Natal e um 2011 repleto de tristezas para seus amigos e familiares.

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