quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Estilingue e vidraça



Historicamente, o PT sempre teve facilidade para ser estilingue e dificuldade para ser vidraça.

Traduzindo: na hora de bater, o partido é de uma eficiência impar, mas quando apanha demora uma eternidade para reagir.

Vai às cordas e deixa o juiz abrir contagem, diante do nocaute iminente.

Menos mal que, quase sempre, reage antes de beijar a lona.

É isso, exatamente, o que está ocorrendo na eleição presidencial.

Quando os veículos de comunicação superdimensionaram a quebra do sigilo fiscal de pessoas ligadas ao PSDB e exploraram ao extremo o caso Erenice Guerra, o PT manteve a linha da campanha propositiva, ignorando olimpicamente o impacto das denuncias.

Quando a campanha descambou para o submundo, o lamaçal das baixarias e dos boatos, explorando a religiosidade e valores morais como o aborto junto a uma significativa parcela da população, através de uma monumental corrente pela internet e de milhões de panfletos apócrifos, a campanha de Dilma preferiu manter o estilo ´paz a amor´.

Deu no que já se sabe. Uma eleição que estava praticamente definida no 1º. turno desaguou no imponderável do 2º. turno, com José Serra ganhando novo fôlego. Dilma manteve a dianteira, mas começou a ver o tucano pelo retrovisor.

O PT, enfim, resolveu reagir e jogar o mesmo jogo do PSDB.

Logo de cara, martelou num ponto altamente sensível para os tucanos: a privatização, colocada de tal forma a parecer que se deixar, Serra privatizará até o Palácio do Planalto.

E, como presente dos céus, caiu um Paulo Preto no colo dos petistas, para pelo menos emparelhar no quesito denuncia de irregularidades e ainda tripudiar, já que Erenice e sua troupe estão sendo investigadas, ao passo que Paulo Preto ainda é um fantasma capaz de provocar novos sustos, impune e ainda cobrando lealdade de seus pares.

Na internet, a guerra segue abaixo da linha da cintura, com chumbo trocado de lado a lado, no melhor estilo ´se colar colou, se não colar, a gente inventa outra´.

O correto seria uma eleição que se pautasse por uma disputa de alto nível, com os candidatos se respeitando e limitando o embate à discussão de projetos.

Uma eleição em que, avaliadas as propostas, o eleitor tivesse discernimento para escolher aquele que considera o melhor para gerir os destinos do país pelos próximos quatros anos.

Na prática virou uma guerra, onde o limite é não ter limites.

Uma pena.

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