quinta-feira, 14 de outubro de 2010
Baixaria virtual no mundo real
Liberar o crack nas escolas!
Incentivar plantações de maconha na agricultura familiar!
Fechar as igrejas, templos, terreiros, etc.
Implantar a Bolsa-Maconha e a Bolsa-Cocaína para os universitários!
Permitir o aborto livre e pago pelo SUS!
Revogar a Lei Maria da Penha!
Acabar com a cesta básica!
Mudar a cor da bandeira nacional para o vermelho.
Desapropriar fazendas e residenciais alugadas para dar aos pobres.
As “ações” acima estão sendo atribuídas a candidata Dilma Roussef, caso vença as eleições para a presidência da república e espalhadas ad nauseum através da internet.
São coisas tão absurdas que não deveriam ser levadas a sério, mas repetidas à exaustão e espalhadas em milhares, talvez milhões de correios eletrônicos, algumas dessas aberrações acabam ganhando tons de verdade junto a um tipo de público suscetível a questões de ordem moral e/ou religiosa, como o aborto e a liberdade de culto.
A proporção que esse misto de baixaria e boataria atingiu mostra que não se tratam de iniciativas isoladas, frutos de mentes delirantes e lunáticos chegados a uma teoria conspiratória.
Na verdade, trata-se de uma tática planejada, orquestrada por profissionais, com um objetivo claro: minar a candidatura de Dilma Roussef e impedir a sua vitória, mesmo que à custa de impor à campanha eleitoral um lamaçal como raramente se viu na história do país.
Na impossibilidade de fazer um comparativo entre os oito anos de Fernando Henrique Cardoso, do PSDB de Serra, e os oito anos de Lula, do PT de Dilma, posto que os avanços sociais e econômicos de Lula são infinitamente superiores ao de FHC, muda-se o eixo da campanha, partindo para a desconstrução de Dilma enquanto mulher e cidadã. Para o massacre.
Dilma deixa de se a candidata do Lula, com todos os ganhos que isso representa, para ser transformada na personificação do mal. Os nazi-fascistas de Hitler e Mussolini não fariam melhor, dando-se o desconto de não contarem com essa máquina de contaminação de mentiras que é a internet.
Goebbels, o mentor da máquina de propaganda de Hitler (aquele, da célebre frase “uma mentira repetida mil vezes se transforma em verdade”), deve estar dando pulos de satisfação, no inferno onde por justiça expia suas atrocidades.
A propagação de mentiras pela internet é um crime que quase nunca deixa impressões digitais, embora muita gente tida como séria se dê ao trabalho de repassar as baixarias que recebe, formando uma corrente de dimensões incalculáveis.
Mais do que a quebra dos sigilos fiscais e o caso Erenice Guerra, foram essas baixarias que geraram o efeito Marina e impediram a vitória de Dilma no 1º. turno.
Como deu certo, o esquema foi aprimorado e amplificado nesse 2º. turno e a cada dia surge uma nova revelação, como se de repente o país e o mundo descobrissem que por trás da mulher guerreira e decidida que lutou contra a ditadura (e que por isso mesmo foi torturada nos porões do regime militar) e que foi a coordenadora do Plano de Aceleração do Crescimento ao lado de Lula, é na verdade um monstro pronto a devorar criancinhas no minuto seguinte em que colocar a faixa presidencial no peito.
Monstros são os que, ignorando o espírito democrático pelo qual Dilma e tantos outros brasileiros lutaram e pelo qual alguns deles deram a própria vida, transformam a eleição nessa sujeira, sem ao menos se darem conta do que pode ocorrer caso a vontade popular seja solapada pela mentira, pela baixaria e pela torpeza.
Não é necessário ter bola de cristal para afirmar que a vitória a qualquer preço pode ter um preço impossível de se pagar.
As conseqüências disso não terão nada de virtuais.
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