segunda-feira, 13 de setembro de 2010

A BALA DE PRATA E A MIDIA PISTOLEIRA


Está na Wikipedia: no folclore, uma bala de prata é supostamente o único modo tipo de munição capaz de matar lobisomens, bruxas e outros monstros. A expressão bala de prata foi adaptada como uma metáfora para designar uma solução simples para um problema complexo com grande eficiência.

Não está na Wikipédia, mas está na atual campanha presidencial: bala de prata é o acontecimento devastador, capaz de impedir a vitória de Dilma Roussef no 1º. turno e jogar a eleição para o 2º. turno, de preferência contra José Serra, o ungido dos barões da mídia, Rede Globo, Veja, Folha de São Paulo e Estadão à frente.

Pois quem está atrás da “bala de prata” e disposta a puxar o gatinho é justamente essa parcela poderosa da mídia, que arrota imparcialidade mas que age como apêndice, quando não como artífice, da campanha do candidato demo-tucano.

Foi só a candidata petista disparar nas pesquisas e abrir uma vantagem confortável sobre José Serra, deixando claro que a eleição seria resolvida já no 1º. turno, para que começassem a pupular escandâlos visando atingir Dilma, como se eles brotassem do chão ou caissem do céu.

Não brotam do chão nem caem do céu, mas surgem em imagens na televisão, em páginas e mais páginas de revistas e jornais, para depois, óbvio ululante, serem repetidos à exaustão pela campanha tucana.

Uma trama bem urdida, que nada tem de original, posto que já foi usada anteriormente, sem sucesso é verdade, mas não se negue a essa gente a virtude da insistência.

Nesse faroeste eleitoral, a mídia pistoleira achou ter encontrado a tal bala de prata na quebra de sigilos que envolvem até a filha de Serra. Um crime, sim, mas daí a imputá-lo a Dilma vai uma distância do tamanho da vantagem da petista sobre o tucano nas pesquisas de intenção de voto.

Quando percebeu-se que a bala não tinha tons prateados e nem faria o efeito desejado, surgiu outro projétil candidato a tiro letal em Dilma, travestido de uma denuncia de tráfico de influência e corrupção na Casa Civil, a seara da candidata petista.

O mesmo modus operandi de sempre: a Veja dá com destaque na capa, os jornalões reverberam e o Jornal Nacional trombeteiam. Os supostos envolvidos negam, a coisa tem cheiro de jogada eleitoral, mas o que importa é testar o poder de fogo, encontrar a bala de prata infalível. Dane-se qualquer compromisso com a verdade, a ética, o respeito e a imparcialidade.

O risco é que a pretensa bala de prata, num efeito perverso para a mídia pistoleira e gospista, se converta num tiro no próprio pé.

Que é de barro.

Ou melhor, de lama.

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