terça-feira, 31 de agosto de 2010

Rumo ao Porto Vitória


Faltando pouco mais de um mês para as eleições, a menos que ocorra uma hecatombe ou surja algum aloprado, daqueles capazes de afundar um Titanic, a candidata a presidente Dilma Roussef reúne condições de vencer já no primeiro turno.

A disparada de Dilma só é surpresa para aqueles que avaliaram mal, ou não avaliaram, a força de Lula, um presidente com índices estratosféricos de aprovação popular e com um carisma que beira o misticismo.

Mesmo sem ter disputado nenhuma eleição e enfrentando um candidato da estatura de José Serra, Dilma, escudada por Lula, abriu uma vantagem que oscila na faixa entre 15 e 20 pontos percentuais, a depender do instituto, sobre o tucano.

É uma diferença monumental, embora em eleição, a palavra impossível não faça parte do dicionário. E há que se levar em conta que na situação atual, Dilma passa a atrair aliados, ao passo que Serra começa a ser abandonado por aquela categoria de políticos que, sem identidade partidária ou ideologia definida, tende sempre a pender para o lado de quem tem mais chances de vitória.

Além disso, a campanha de Dilma tem linhas bem definidas: o apoio ostensivo de Lula, o sucesso inquestionável, na avaliação popular, do governo que ela representa e sua afirmação como condutora do PAC.

Já a campanha de Serra não consegue achar um foco: ora Serra é o candidato da mudança, ora é a garantia da continuidade das coisas boas que Lula está fazendo, ora não é uma coisa nem outra. Não há como bater em Lula, é preciso bater em Dilma, mas bater em Dilma pode parecer que está batendo em Lula.

É uma equação para endoidar marqueteiro. E é uma equação que, caso Serra queira se manter vivo na disputa, a ser resolvida já, porque cada que passa, ata a tarefa de levar o pleito para o segundo turno ganha ares de missão para um Hércules moderno.

Para completar o infortúnio de Serra, a campanha de Marina Silva, que em tese poderia tirar votos de Dilma, não decola. A candidata do Partido Verde estacionou abaixo dos 10% nas intenções de voto e seu programa às vezes parece uma edição do National Geographic, a bíblia eletrônica dos ambientalistas.

Mantidas as tendências apontadas pelas pesquisas, se há riscos para Dilma, são eles mesmos, os já citados aloprados, que não derrubam um titanic, mas fazem um estrago danado no casco do navio.

Sem isso, o Porto Vitória está bem ali, aguardando a atracação.

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